Um dia após o
encerramento da Rio+20, o "ativista e grafiteiro" paulistano trouxe seu projeto Pimp My
Carroça para dar visibilidade ao trabalho dos catadores da cidade; maravilhosa a ação pimp!
Um dia após o
encerramento das atividades da conferência da ONU sobre desenvolvimento
sustentável e afirmando que “os coletores de materiais recicláveis fazem mais
pelo meio ambiento do que toda Rio+20”, o projeto independente Pimp My Carroça,
que há 20 dias também foi realizado em São Paulo, ocupou a Praça Tiradentes no
último sábado para dar uma repaginada nas carroças e um pouco de atenção aos catadores do centro do Rio de
Janeiro. Organizado pelo “ativista e grafiteiro” Thiago “Mundano” – nome de seu
personagem, um cacto bem consciente e politizado -, o evento reuniu inúmeros
artistas e voluntários com o objetivo de tirar esses trabalhadores da
invisibilidade. “A maioria dos trabalhadores que estão aqui estavam na Rio+20 e
sem receber nenhum tipo de atenção ou ajuda. Mas, são esses catadores
marginalizados pela sociedade são os mesmos que fazem 90% do trabalho de
reciclagem em cidades como Rio e São Paulo”, defende Mundano, que desde 2006 já
pintou suas frases de efeito em mais de 200 carroças.
Com uma espécie de circuito montado em frente ao imponente monumento a D. Pedro I, o Pimp My Carroça RJ, além de reformar as carroças nos espaços “Limpa Rápido, “Funilaria”, “Borracharia” e “Pintura”, ainda prestava um atendimento médico (no “Check-Up”) aos catadores, que também recebiam camisetas com faixa luminosa, luvas, capa de chuva, itens de segurança para a carroça (buzina, retrovisor) e refeição. No final, os trabalhadores, que não conseguiam esconder o lado banguela de seus sorrisos, ainda posavam ao lado de suas novas e estilizadas companheiras de trabalho. “Pedi para pintarem a minha com as cores do reggae. Está ficando show. Já tive muitas carroças, mas essa é especial”, afirmou o coletor Paulo César dos Santos, que teve seu carrinho de supermercado estendido. “Eu não sou catador, sou morador de rua. Tenho que falar: bato palmas para essas atitudes. A prefeitura recolhe o pessoal e joga em Campo Grande. Mas, ninguém ajuda essas pessoas que estão doentes. Eles não são somente viciados e cracudos”, afirmou Bezenário de Andrade Dias, que passava por lá e aproveitou para fazer uma consulta médica.
Com uma espécie de circuito montado em frente ao imponente monumento a D. Pedro I, o Pimp My Carroça RJ, além de reformar as carroças nos espaços “Limpa Rápido, “Funilaria”, “Borracharia” e “Pintura”, ainda prestava um atendimento médico (no “Check-Up”) aos catadores, que também recebiam camisetas com faixa luminosa, luvas, capa de chuva, itens de segurança para a carroça (buzina, retrovisor) e refeição. No final, os trabalhadores, que não conseguiam esconder o lado banguela de seus sorrisos, ainda posavam ao lado de suas novas e estilizadas companheiras de trabalho. “Pedi para pintarem a minha com as cores do reggae. Está ficando show. Já tive muitas carroças, mas essa é especial”, afirmou o coletor Paulo César dos Santos, que teve seu carrinho de supermercado estendido. “Eu não sou catador, sou morador de rua. Tenho que falar: bato palmas para essas atitudes. A prefeitura recolhe o pessoal e joga em Campo Grande. Mas, ninguém ajuda essas pessoas que estão doentes. Eles não são somente viciados e cracudos”, afirmou Bezenário de Andrade Dias, que passava por lá e aproveitou para fazer uma consulta médica.
Em meio a correria para não deixar nada dar errado e com os catadores chegando, Thiago Mundano ainda encontrava tempo para explicar como resolveu criar esse projeto, apoiado pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e financiado via crowdfunding – a segunda maior arrecadação no Brasil com R$ 38.200. “Quando comecei a grafitar, eu comecei a conhecer mais a cidade. Mas, sempre fui meio locão neste aspecto. Às vezes, estava no meio do Treme-Treme (o residencial São Vito, de 27 andares, demolido na gestão Kassab) e, poucos minutos depois, estava almoçando na casa da minha avó. O contato com a rua me fez pensar em ajudar essas pessoas de alguma forma e isso mudou minha vida. Agora, eu quero compartilhar essa experiência com mais pessoas”. Criado em condições opostas aos dos catadores, o grafiteiro paulistano, de 26 anos, conseguiu usar essa experiência de contraste para iniciar uma ação capaz de trabalhar dois supostos problemas sociais, a coleta e os catadores, que, por sinal, são tratados como lixo. “O que é visto como um problema ambiental aparece como solução para um problema social, uma forma de gerar emprego e tirar essas pessoas da marginalidade. Assim, toda a sociedade se beneficiará”, defende Mundano.
Assim como os “catadores
de materiais recicláveis”, os grafiteiros envolvidos com o projeto também já sentiram na pele o estigma da marginalidade, tendo em vista que ambos vivenciam diretamente
a rua como ponto em comum. Com a aceitação da chamada arte urbana, esses
arteiros conseguiram reconhecimento de sua arte e, por isso, são capazes de fazer o mesmo
por esses trabalhadores. “Particularmente, acho o estigma ‘grafiteiro’ um
rótulo desnecessário. O importante é ver as pessoas usarem a criatividade para
se expressarem e fazer o bem, seja com fotos, desenhos e ações. Esta é um
exemplo, ainda mais por buscar dar visibilidade ao trabalho dos catadores”,
aponta Rodrigo “Villas” Bôas, que usou seu conhecido pássaro para decorar uma
das carroças. Além de Villas, que costuma lançar seu personagem nas paredes e
nos fios da cidade, a ação também contou com o trabalho de Afa, Kajaman, Life, Ronaldo Occy, das
meninas do coletivo Sou "nóS" (Bruna Britto, Gabriela Godoi e Mariana Holman), que veio
de Pelotas (RS) para participar do Pimp RJ, e muitos outros. Se a frase usada
no início apontava que os catadores faziam mais pelo meio ambiente do que toda
Rio+20, o resultado do Pimp My Carroça também pareceu ser mais significativo que os que
foram apresentados no final da conferência da ONU. O esforço coletivo, e a alegria em comum.