Após
espalhar uma série de animais pelas
ruas da cidade - todos combinando formas chapadas e texturas -, o artista carioca reúne seus bichos em uma curiosa mostra na Homegrown. Tá
animal!!
Se fauna é o termo
coletivo para designar a vida animal de uma determinada região ou de um período
de tempo, “Faunopédia” é a palavra que, após uma procura sem resultados no
Google, o designer João Lelo “inventou” para agrupar os animais que anda espelhando
pelas ruas do Rio e São Paulo, tanto que a mesma, inspirada nos antigos
inventários de exploradores, também intitula a exposição do artista carioca
recém-inaugurada na Homegrown. A mostra
em questão, aberta ao público até o dia 05/06, se destaca ao explorar a
temática dos animais em gravuras (serigrafias e xilogravuras), desenhos em
papel e trabalhos sobre madeira, entre pinturas e colagens, além de duas
esculturas (objetos em MDF), as primeiras exibidas de uma nova série que Lelo
vem desenvolvendo desde meados do último ano. “Meu trabalho é muito sobre a
experiência gráfica, a harmonia entre formas chapadas e padrões / texturas. Às
vezes, eu acho que poderia usar uma linguagem totalmente abstrata, mas, no
momento, ter algo figurativo ainda é importante para meu processo criativo.
Gosto que o desenho tenha alguma história para contar”, revela o artista ao
justificar seu fascinio pela bicharada. “É por isso que uso imagens de animais
(e pessoas também). Eles são a base da minha criação. Eu escolho os animais que
têm alguma simbologia interessante e que eu possa representar de maneira
sintética, apenas com formas simples”, completa.
Após ter descoberto sua vocação ainda cedo, até por influência de seus pais
(arquitetos), Lelo tomou o caminho da arte sem pretensões de retorno ou
objetivos maiores, queria mesmo fazer o que gostava e assim foi. A partir de
pesquisas sobre streetart e viagens à floresta de pedra da capital paulista, o
artista carioca, diante da possibilidade de pintar coisas grandes na rua e da
necessidade de amadurecer seu trabalho, acabou escolhendo (ou sendo escolhido)
o universo do graffiti, entre posters, stickers e a paixão pela serigrafia -
descoberta com uma mesa de impressão caseira montada por seu pai, a qual se
transformou na “gráfica de seu quarto”. “Sempre ‘fiz arte’ porque eu gostava,
nunca tive uma preocupação de viver disso. Trabalhava com outras coisas para me
sustentar e poder fazer as coisas que gostava. Mas começaram a me procurar pelo
meu trabalho autoral e, nesse momento, vi que era uma coisa com a qual eu
poderia trabalhar”, aponta João Lelo, que, além de se considerar mais um
muralista que um grafiteiro atualmente, também faz questão de exaltar seu lado
autodidata “Nunca fiz curso de desenho,
aprendi a desenhar em casa com meu pai. Cursei faculdade de desenho industrial,
que tem introdução à história da arte, mas nada muito consistente. Aprendi
muita coisa por conta própria, fui assistente de estúdio de outros artistas
onde aprendi bastante coisa também”.
Embora tenha alcançado uma notável maturidade em seus trabalhos, com destaque
para diversidade de materiais explorados, Lelo, que também chegou a
experimentar outros processos, como xilografia e linóleo, reconhece que não foi
nada fácil dar um conceito a suas obras, mas também ressalta o aspecto positivo
da escolha pelo autodidata: “Acho que foi bom seguir esse caminho, pois acho
que cursos impõem muito o estilo do professor no aluno, mas também, por outro
lado, meu aprendizado foi mais lento. Levei mais tempo até entender o que eu
queria fazer com meu trabalho e como fazer”. Questionado sobre o atual
reconhecimento da cena carioca de arte urbana, o jovem artista, mesmo tido como
um dos promissores, com participações em festivais internacionais, prefere
olhar os dois lados dessa inquestionável boa fase. “Acho que ainda estamos
vivendo esse boom da arte urbana no Brasil e todo mundo está querendo consumir
esse tipo de arte de alguma forma. É bom por um lado porque abre espaço para
novos artistas entrarem no mercado, mas também tem o problema de que esses
mesmos artistas acabam ficando tachados como ‘artistas urbanos’, o que limita
um pouco a visão do trabalho”, aponta. Tanto para quem já reconhece as obras do
muralista carioca espalhadas pelas ruas como para aqueles que se interessaram
em saber mais sobre o artista, a exposição “Lelo: Faunopédia” se mostra
simplesmente imperdível. É de se surpreender com o nível do trabalho
apresentado, tá animal!!!
Saiba mais sobre João Lelo no site:www.leloart.com
Serviço: Lelo: Faunopédia
Homegrown: Rua Maria Quitéria, 68. Ipanema.
Data: Até dia 05/06/13
Horário: Das 10h às 20h, seg. a sex., 12h às 18h aos sábados.
Homegrown: Rua Maria Quitéria, 68. Ipanema.
Data: Até dia 05/06/13
Horário: Das 10h às 20h, seg. a sex., 12h às 18h aos sábados.
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