Pra Iaiá: o
bloco dos Los Hermanos
Na
onda dos chamados “blocos temáticos”, novo fenômeno do carnaval carioca, o Pra Iaiá entra em cena para
resgatar a sonoridade do saudoso quarteto e reunir seus "fãs-liões". Eles voltaram!!!
Embora a notícia sobre a
criação do chamado New Kids on the Bloco tenha causado espanto até nos mais
animados dos carnavalescos, um bloco de carnaval com base nas músicas da principal
boy band dos anos 80 - fato que soa estranho de qualquer forma - só comprova o
sucesso do modelo carnavalesco como plataforma, principalmente por abrir espaço
aos novos artistas e propostas a partir da grande exposição alcançada na festa
do adeus à carne. Neste contexto de renovação das clássicas e cansadas
marchinhas, além da peculiar extravagância citada, a grande novidade do carnaval
2014 deverá ser mesmo o Bloco Pra Iaiá, composto exclusivamente por fãs e
ex-músicos dos Los Hermanos. Sob a referência da música “Retrato Pra Iaiá”, a
terceira do apropriado álbum “Bloco do Eu Sozinho” (2001), a ideia veio à tona ainda
em 2010, diante da grande explosão do bloco Sargento Pimenta (dedicado aos
Beatles), mas só agora virou realidade. São 16 músicos e três mestres de
bateria/arranjadores, que, por sinal, darão início a preparação do esperado
desfile já em outubro. Mas, enquanto o corre de eventuais patrocinadores é
feito, os ‘fãs-liões’ já podem celebrar: os barbas voltaram!!!
O fenômeno dos “blocos covers
ou temáticos” no carnaval carioca, além de abrir espaço e esticar a bagunça ao
longo de todo ano com shows para custear o desfile e a própria banda, também
está ligado à própria transformação (micaretização) do carnaval de rua do Rio,
que a cada ano registra novos blocos e recordes de público. “Um bloco que toca
somente músicas de um determinado artista é chamado de ‘bloco temático’, e Pra
Iaiá, Toca Raul, Mulheres de Chico, Exalta Rei e Sargento Pimenta são alguns
exemplos. O carnaval carioca vive uma retomada histórica de alguns anos para
cá. Mas, sem dúvida, o Monobloco foi um dos grandes responsáveis por esta
guinada, ao trazer para o carnaval músicas consagradas de vários artistas”,
aponta Rodrigo Ferraz, produtor e instrumentista do grupo ao buscar uma justificativa mais palpável. “Os blocos se
renovaram e, consequentemente, o carnaval de rua também. As pessoas que não
gostavam de samba ou marchinhas começaram a ver uma nova possibilidade dentro
desse novo cenário”, completa.
Ao contrário dos demais novos
blocos, que optam por seguir a tradição de longos carnavais ou se criam a
partir de um trocadilho chamativo – como o Largo do Machado, Mas Não Largo do
Copo -, os blocos temáticos possuem a vantagem de reunir os foliões em nome de
algo em comum, seja a banda favorita ou até mesmo a profissão, caso do Me Beija
Que Eu Sou Cineasta. “O primeiro bloco temático do carnaval carioca foi o
Mulheres de Chico e, a partir daí, as pessoas começaram a ver que realmente
poderia ser muito divertido criar blocos temáticos e unir duas paixões
(carnaval e músicas de determinado artista)”, defendem os integrantes do bloco.
“Grande parte do Bloco Pra Iaiá é fã incondicional de Los Hermanos desde o
primeiro disco lançado em 1999. Adaptar essas músicas que escutamos por 14 anos
e que marcaram nossas vidas para um bloco de carnaval, nossa outra grande
paixão, é algo fantástico”, alega Ferraz.
“Os blocos temáticos são na
verdade uma grande homenagem. Em muitos casos, assim como ocorre com o Los
Hermanos, por exemplo, a banda já acabou e deixou saudades para os fãs. O bloco
de alguma maneira mata essa saudade e faz com que as pessoas possam reviver um
pouco aquelas músicas passadas, enquanto o carnaval faz essa história ficar
ainda mais lúdica com fantasias, estandartes, confetes e serpentina”, ressalta o músico. Neste aspecto, se os “covers” possuem certa vantagem, o Pra Iaiá
está um passo a frente, tendo em vista que os próprios integrantes do quarteto
costumam reunir o público para reviver suas canções, como ocorreu recentemente
com o show Ventura, no qual o baterista Rodrigo Barba juntou uma galera para
tocar o disco mencionado. Aliás, o próprio Pra Iaiá conta com músicos que
tocavam com o Los Hermanos, caso de Bubu do trompete e do trombonista Pimenta.
Isso sem falar na própria essência carnavalesca do quarteto carioca, que, por
si só, já seria capaz de justificar a criação de bloco.
No entanto, para quem acha que
criar um bloco se resume em convocar os amigos e escolher o artista
homenageado, a história se mostra um pouco mais complexa, mas nada capaz de
desanimar também. Trata-se de carnaval.
“A primeira coisa que fizemos assim que decidimos colocar a ideia do
bloco em prática foi pedir autorização dos responsáveis. Jamais começaríamos
sem autorização. Explicamos sobre o projeto do bloco, apresentamos o atual
cenário do carnaval carioca e dos blocos temáticos. Pesquisamos informações com
blocos amigos e repassamos todos esses procedimentos aos empresários da banda.
Este trabalho é muito especial”, defende o dono de um dos surdos do bloco. “Estamos dando cada passo de uma vez e com
muito carinho e cuidado. Sabemos que temos uma grande responsabilidade, já que
os fãs de Los Hermanos são muito exigentes. Estamos trabalhando duro para que
tudo fique muito bonito”, finaliza Ferraz.
Alexandre Tanaka –
Voz/guitarra
Pedro Buarque – Voz/guitarra
Gabriela Pasche – Voz
Rodrigo Grisalho Ramos – baixo
Thiago Afonso – cavaco
Eduardo Vilela – Repique
Rafael Ferraz – Caixa
Angelo Gagliardi – caixa
Luiza Ribeiro – Tamborim
Lucas Torres – Tamborim/agudos
Ana letícia Magalhães –
ganzá/xequerê
Ayama Prado – Surdo
Rodrigo Ferraz – Surdo
Breno Lopes – Surdo
Bubu – Trompete
Pimenta – Trombone
Mestres e arranjadores
Thiago Vichi
Letícia Salgueiro
Fernando Jacutinga
Acompanhe nossa página no Facebook