domingo, 26 de maio de 2013

#79

Pedro Vasconcellos: “Sonhos Esculturais”

A partir da vontade de abordar noites mal dormidas de criação de forma reservada e pessoal, o artista carioca resgata seu passado artístico para dar vida a uma exposição de olho no futuro!!!

Publicitário de formação e artista desde pequeno – aos oito anos já ganhava o prêmio de novos talentos da H.Stern na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) -, o carioca Pedro Vasconcellos resgata referências de seu passado para moldar um novo futuro na exposição “Sonhos Esculturais”, em cartaz no Oztel (Rua Pinheiro Guimarães, 91. Botafogo) até o dia 23/06. Após passar pela fase inicial, da cola colorida, e pela anterior Liberdade Geométrica, que trazia obras em escala maior e com diversas cores, Pedro decidiu apostar em algo diferente: em trabalhos menores, intimistas, menos coloridos e mais inconscientes. “Surgiu a vontade de falar sobre essas noites mal dormidas de forma mais reservada e pessoal”, justifica o artista ao falar das dificuldades enfrentadas durante seu período de processo criativo, no qual confessa, de fato, dormir mal com por ter a cabeça repleta de idéias ao mesmo tempo. No final, após relutante o descanso, os sonhos do artista tomaram formas - esculturais, como traz no título -  e ganharam vida nessa nova mostra. No entanto, antes pensar em conferir, é preciso estar acordado...    


Com pouco mais de 30 anos de idade e certa vivência no mundo da arte, Pedro Vasconcellos, que assina a curadoria artística do espaço 00 Bistrô, em Ipanema, e do Z.bra Hostel, no Leblon, reconhece o visível amadurecimento de seu trabalho, mas não deixa de exaltar a relação com o que já foi criado. “Vejo o amadurecimento como um resgate ao meu passado. Digo isso porque, na série Sonhos Esculturais, eu volto a usar materiais concretos, como corda, cera de vela, pregos e tantos outros materiais que comecei a trabalhar ainda aos 5 anos, nas minhas primeiras aulas de carpintaria. Mas, aqui estou usando referencias do passado para construir um novo futuro”, aponta o carioca, que completa: “Os elementos concretos servem tanto para aumentar a mensagem que quero passar em cada obra como para exalar o sentimento que cada uma carrega em si. A evolução na verdade está mais em quem vê e se identifica com o trabalho do que nele em si. As obras só ajudam as pessoas a pensarem, mas o sentimento está dentro delas”.


Em relação ao por quê do uso desses elementos em sua novas obras, chamadas de “esculturas vivas”, o artista explica que a ideia era justamente ampliar sua profundidade, um sentido maior: “Minha intenção era fazer com que cada obra fosse mais do que tinta sobre tela. Usei vários elementos para transformar cada trabalho em verdadeiras peças ou esculturas. E digo vivas porque vejo movimento e vida em cada uma delas”. Essa foi a proposta de Pedro em “Sonhos Esculturais”, mas o que veio antes: o sonho ou as esculturas? “Normalmente, eu começo pela vontade de expressar algo, de materializar na obra a mensagem que quero passar dentro da proposta da série que estiver trabalhando. Algumas vezes acontece da mensagem mudar de tom e, com isso, a obra acabar ganhando outro formato. Mas, lá atrás, a mensagem ainda era a mesma”, responde o artista, que ressalta que a “inspiração também não cai do céu e do nada”, mas sim da experimentação, dos testes, dos erros e da continuidade do exercício  “Assim nasce uma série dentro de mim. As vezes, não tenho vontade de expô-las, mas, quando tenho, a exposição acontece”, completa.


Embora tenha integrado o coletivo Abacaxi com Hortelã, participado de exposições conjuntas e assinado três individuais, o artista carioca reconhece que a tarefa de elaborar uma mostra “independente” não é tão simples quanto parece. “Montar uma exposição fora do circuito das galerias requer persistência e dedicação, desde a escolha das obras, até a definição do conceito, da precificação, do lugar e da disposição das obras em si. Mas, acredito que isso faz parte do processo de auto-confiança que o artista sempre quer se questionar”, afirma. Além de produzir, comprar e trocar obras com artistas de sua geração, Pedro também vende - e bem -, mas para quem?  “Os meus compradores são pessoas que, aos poucos, estão visitando exposições e enriquecendo o próprio olhar, não os colecionadores tradicionais. O meu interesse não é vender para pessoas que pensam no tamanho e na cor predominante da obra em primeiro lugar, que decidem de acordo com a cor da parede ou do sofá. Quero que se identifiquem com a peça, mesmo que o melhor lugar, decorativamente falando, seja o lavabo”, finaliza.


Saiba mais sobre o trabalho de PedroVasconcellos.

Pedro Vasconcellos Sonhos Esculturais

Local: Oztel (www.oztel.com.br).
Rua Pinheiro Guimarães, 91 - Botafogo.
Até dia 23/6.

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