Tentar definir as diferenças que acentuam a conhecida rivalidade entre cariocas
e paulistas não é uma tarefa das mais fáceis, nem mesmo diante dos caricatos estereótipos dessa desnecessária queda de braço. Na última apresentação do cantor,
multiinstrumentista e paulistano Marcelo Jeneci no Rio de Janeiro, realizado no
último sábado (25), no Studio RJ, a cantora Laura Lavieri, espécie de segunda
voz do musico, até tentou esboçar uma explicação para este fenômeno, porém, sem chegar a uma conclusão. Ao menos, não tão clara como a do show, que lotou a
casa, botou o público pra cantar e, no geral, “foi bem foda”. “A nossa cidade
pode ser feia, mas tem muitas coisas legais, assim como a de vocês é linda, mas
também pode ser chata”, declarou Laura, que, logo após essa primeira afirmação,
desistiu da heróica missão de minimizar essa tal rixa para agradecer o carinho dos
fãs. Neste aspecto, o próprio sucesso de Jeneci no Rio, onde
esteve recentemente para exibir um show com algumas versões de Roberto Carlos, acaba
sendo mais eficiente. Aliás, se depender do próprio artista, um dia ele ainda mora na cidade maravilhosa.
“Quando vamos ao Rio, optamos por vir de ônibus, na madrugada do dia
anterior, para poder aproveitar o dia aqui. Aproveitar para ir ao Arpoador,
passar o som pela tarde e dar continuidade ao bom dia com o show à noite. É
sempre bom estar aqui”, afirmou Jeneci logo após a segunda música. A primeira
foi “A Semana Inteira”, de Erasmo Carlos, que Jeneci trouxe para abrir o show
depois de ter feito três apresentações com Tremendão na capital paulista no
início deste mês. Além desta, o musico ainda cantou “Sorriso Dela”, também de
Erasmo, e uma versão de “Amado”, de Vanessa Da Mata. Tirando essas e outras
surpresas, o show de Jeneci se concentrou nas já conhecidas faixas de seu
primeiro álbum, “Feito Pra Acabar”, lançado em 2010. Apesar de o próximo disco estar previsto
somente para 2013, provavelmente, esse deve ter sido o último show deste
repertório em terras cariocas e, se de fato for, fechou em grande estilo.
Esbanjando todo seu talento como instrumentista, seja com o teclado, com
a guitarra ou com a sanfona, Marcelo Jeneci, que não simpatiza com o rótulo de “novos
paulistas” – referente à nova geração de talentos vindos de SP -, sobe ao palco
amparado por alguns de seus hits, como “Copo D’água”, “Por Que Nós”,
“Feito Pra Acabar”, “Dar-te-ei” e, é claro, “Felicidade” – um dos momentos mais
altos do show. Além do repertório conhecido, outro fator que se destaca no show
de Jeneci é o entrosamento de sua banda (de amigos), formada por Laura Lavieri
(voz e percussão), Richard Ribeiro (bateria), Ricardo Prado (guitarra), Stevan
Sinkovitz (guitarra) e Regis Damasceno (baixo). Após o sucesso dessa
apresentação e também a da última quinta (também no Studio RJ), da banda Os Mulheres
Negras (foto acima) – duo formado nos anos 80 pelos paulistas André Abujamra
(voz, guitarra e teclados) e Maurício Pereira (voz e sax) -, a linha que separa
Rio e São Paulo, que não se restringe somente a via Dutra, se mostra injustificável.
Antes de qualquer projeto de trem-bala, essa aproximação se firma na própria necessidade
do dialogo e da troca, já que mais do que possíveis rivais, essa cidades são verdadeiramente
complementares. Seja na cidade maravilhosa ou na terra da garoa, viva as diferenças.
Studio RJ (21) 2523-1204
Av. Vieira Souto, 110. Arpoador.
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