Pedro Vasconcellos: “Sonhos Esculturais”
A partir da vontade de abordar noites mal dormidas de criação de forma
reservada e pessoal, o artista carioca resgata seu passado artístico para dar
vida a uma exposição de olho no futuro!!!
Publicitário de formação e artista desde pequeno – aos oito anos já
ganhava o prêmio de novos talentos da H.Stern na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage (EAV) -, o carioca Pedro Vasconcellos resgata referências de seu
passado para moldar um novo futuro na exposição “Sonhos Esculturais”, em cartaz
no Oztel (Rua Pinheiro Guimarães, 91. Botafogo) até o dia 23/06. Após passar
pela fase inicial, da cola colorida, e pela anterior Liberdade Geométrica, que
trazia obras em escala maior e com diversas cores, Pedro decidiu apostar em
algo diferente: em trabalhos menores, intimistas, menos coloridos e mais
inconscientes. “Surgiu a vontade de falar sobre essas noites mal dormidas de
forma mais reservada e pessoal”, justifica o artista ao falar das dificuldades
enfrentadas durante seu período de processo criativo, no qual confessa, de
fato, dormir mal com por ter a cabeça repleta de idéias ao mesmo tempo. No
final, após relutante o descanso, os sonhos do artista tomaram formas -
esculturais, como traz no título - e ganharam vida nessa nova
mostra. No entanto, antes pensar em conferir, é preciso estar
acordado...

Com pouco mais de 30 anos de idade e certa vivência no mundo da arte,
Pedro Vasconcellos, que assina a curadoria artística do espaço 00
Bistrô, em Ipanema, e do Z.bra Hostel, no Leblon, reconhece
o visível amadurecimento de seu trabalho, mas não deixa de exaltar a
relação com o que já foi criado. “Vejo o amadurecimento como um resgate ao meu
passado. Digo isso porque, na série Sonhos Esculturais, eu volto a usar
materiais concretos, como corda, cera de vela, pregos e tantos outros materiais
que comecei a trabalhar ainda aos 5 anos, nas minhas primeiras aulas de
carpintaria. Mas, aqui estou usando referencias do passado para construir um
novo futuro”, aponta o carioca, que completa: “Os elementos concretos servem
tanto para aumentar a mensagem que quero passar em cada obra como para exalar o
sentimento que cada uma carrega em si. A evolução na verdade está mais em quem
vê e se identifica com o trabalho do que nele em si. As obras só ajudam as
pessoas a pensarem, mas o sentimento está dentro delas”.

Em relação ao por quê do uso desses elementos em sua novas obras, chamadas de
“esculturas vivas”, o artista explica que a ideia era justamente ampliar sua
profundidade, um sentido maior: “Minha intenção era fazer com que cada obra
fosse mais do que tinta sobre tela. Usei vários elementos para transformar cada
trabalho em verdadeiras peças ou esculturas. E digo vivas porque vejo movimento
e vida em cada uma delas”. Essa foi a proposta de Pedro em “Sonhos
Esculturais”, mas o que veio antes: o sonho ou as esculturas? “Normalmente, eu
começo pela vontade de expressar algo, de materializar na obra a mensagem que
quero passar dentro da proposta da série que estiver trabalhando. Algumas vezes
acontece da mensagem mudar de tom e, com isso, a obra acabar ganhando outro
formato. Mas, lá atrás, a mensagem ainda era a mesma”, responde o artista, que
ressalta que a “inspiração também não cai do céu e do nada”, mas sim da
experimentação, dos testes, dos erros e da continuidade do exercício
“Assim nasce uma série dentro de mim. As vezes, não tenho vontade de expô-las,
mas, quando tenho, a exposição acontece”, completa.

Embora tenha integrado o coletivo Abacaxi com Hortelã, participado de
exposições conjuntas e assinado três individuais, o artista carioca reconhece
que a tarefa de elaborar uma mostra “independente” não é tão simples quanto
parece. “Montar uma exposição fora do circuito das galerias requer persistência
e dedicação, desde a escolha das obras, até a definição do conceito, da
precificação, do lugar e da disposição das obras em si. Mas, acredito que isso
faz parte do processo de auto-confiança que o artista sempre quer se
questionar”, afirma. Além de produzir, comprar e trocar obras com artistas de
sua geração, Pedro também vende - e bem -, mas para quem? “Os meus
compradores são pessoas que, aos poucos, estão visitando exposições e
enriquecendo o próprio olhar, não os colecionadores tradicionais. O meu
interesse não é vender para pessoas que pensam no tamanho e na cor predominante
da obra em primeiro lugar, que decidem de acordo com a cor da parede ou do
sofá. Quero que se identifiquem com a peça, mesmo que o melhor lugar,
decorativamente falando, seja o lavabo”, finaliza.

Pedro Vasconcellos Sonhos Esculturais
Local: Oztel (www.oztel.com.br).
Rua Pinheiro Guimarães, 91 - Botafogo.
Até dia 23/6.
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