Urban Arts Rio: enfim, ela chegou!
Assediada pelos artistas e adorada pelos mais moderninhos, a galeria
abre as portas de sua filial carioca apresentando a exposição “Rio de Todos os Santos”, do artista plástico João Batista.
Em um
momento de efervescência no mercado das artes, no qual as galerias se reinventam
em novos modelos e espaços para captar um
público à margem do elitismo em torno do padrão clássico, a Urban Arts - criada
em 2009 pelo designer André Diniz - inaugura sua primeira filial em terras
cariocas sem deixar de lado o lema que moldou o êxito de suas outras seis casas
já abertas: “Arte (de todos) é para todos”, mas tudo com seu preço. Alavancada
pelo pioneirismo “no ramo” das artes digitais, a “queridinha” dos mais
antenados começou a se destacar por se mostrar aberta aos artistas, principalmente
aos mais novos, e extremamente atrativa aos apreciadores, que, segundo a
própria marca, também ganham com a oportunidade de dar o “primeiro passo” no
mundo dos investimentos em telas. Seguindo a influência das lojinhas pós-museu,
as atraentes gift shop, e apostando em obras mais acessíveis - de R$ 50 até R$
4 mil -, a U.A conseguiu firmar seu
conceito seguindo essa receita e, no Rio, sob a batuta da jornalista e produtora de moda Paula Multedo (a
Pola), não teria porque ser diferente. Apesar da certa demora, a unidade Rio,
situada na Gávea, abriu suas portas no último 27/06 e pôs fim a ansiedade dos seguidores
cariocas, que já podem conhecer o espaço e acompanhar a exposição “Rio
de Todos os Santos”, do artista João Batista.

Embora
a arte em questão esteja condicionada ao mercado e ao lucro, uma relação que
começou a ser questionada ainda nos anos 40 com o termo “Indústria Cultural”,
elaborado pelos frankfurtianos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, o bom
funcionamento da galeria empresa possui um lado positivo que vai muito além de
seu saldo. “Sempre acreditei que o artista, mesmo que ainda não tenha chegado
ao estrelado, merecia um espaço organizado com todo o aparato necessário para
que pudesse brilhar, e com requintes que vão desde convites impressos até uma
assessoria focada em sua divulgação”, aponta Pola, que ressalta que sua relação
com o proprietário da matriz também á pautada pela preocupação com os artistas:
"Nosso contato é diário para justamente
melhor atender os clientes e artistas. Um dos nosso maiores objetivos
como marca é colocar em pratica a ideia inicial de que as exposições deverão rodar pelos demais estados do nosso país, dando
oportunidade dos artistas vislumbrarem esse ‘tour’ quase em tempo record”. Ou
seja, se a arte possui um preço e o mercado se mostra favorável, o modelo busca
potenciar os lucros da galeria para que todos possam se beneficiar dessa
condição, um fato justifica a condição da arte como mercadoria, mas sem deixar
de os artistas de lado, já que os mesmos, ao contribuir com o sucesso da
marca, também se valorizam. No final, todos saem felizes da ‘loja’.

Filha
de artista plástica e envolvida com artes desde pequenina, Pola Multedo, que diz respirar arte em tudo que passa por
ela, mas ressalta que a "conta sempre tem que fechar", se porta como
uma segura empreendedora ao falar de seu novo negócio. "Arte é para todos que amam e apreciam
coisas belas, portanto por que não juntar a fome com a vontade de comer? Novos
artistas entrando para ‘a cena’ e novos compradores felizes em embelezar suas
casas com telas assinadas”, declara Pola, que também se mostra segura ao
justificar a escolha da Gávea como residência: "O bairro sempre foi reduto
de artistas e jovens bacanas. Ser em
frente a Puc e colado ao Baixo Gávea foi definitivamente o que me fez não ter a
menor duvida que tínhamos achado o spot!". Além de se destacar pelo
sucesso em torno de seu conceito, a Urban Arts também se diferencia por suas
exposições, tendo em vista que as mesmas
não se resumem apenas a telas nas paredes. "Nossas exposições sempre
buscam sair do obvio, queremos criar atmosferas. O processo criativo flui
facilmente, o trabalhoso é por em pratica tantas ideias que brotam de um brain
storm com os artistas e suas ideias mirabolantes, como, por exemplo, explodir
canhões com bolhas de sabão" , brinca a proprietária. "Buscamos um
‘tema’ em conjunto com o artista e trabalhamos firme em cima dele criando um
‘mundinho’ capaz de passar das ‘telas na parede’”, completa.

"Quando
comecei a procurar um artista para fazer a abertura da Urban Arts Rio de
Janeiro alguns nomes me vieram a cabeça. Algumas pessoas me falaram muito do
Joao Paulo e, em um bate papo em que ele me mostrou seus trabalhos, curti a
ideia de seus personagens serem caricaturalmente cariocas, e em maioria nordestinos.
Vislumbrei um tema ‘forte’ e bacana que eu poderia me aprofundar que foi sua
facilidade e adoração em pintar Santos", aponta Pola, que também assume a
curadoria das exposições. Com boas recomendações, um trabalho bem original e características
favoráveis, João Batista apareceu com todos os atributos necessários para
inugurar a U.A no Rio, mas ainda havia algo que seria determinante para sua
escolha: "Quando ele me contou de sua característica inusitada, que é o fato de ser daltônico, e que isso refletia em
seus trabalhos - o que resulta em peças altamente coloridas e alegres, sempre com
a mesma combinação de cores -, eu não tive duvidas", revela a proprietária.
Aliás, segundo Pola, as artes originais, mesmo que a preços um pouco mais
elevados que os prints, canecas e moleskines, não são preços que ‘assustam’ ou
deixam o comprador desconfortável em perguntar o valor da arte. No mais, se não
quiser coçar os bolsos, a ideia é chegar para conhecer a casa e, de quebra, ver
de perto o que o João anda aprontando. Está aberta!
Urban Arts Rio
Rua Marquês de São Vicente, 188. Gávea.