domingo, 30 de outubro de 2011

#15

Às pistas: a nova cara do lado Alt

Na contramão dos investimentos e leis de incentivo, a cena eletrônica underground carioca mostra sua nova cara e outros projetos curiosos. O tempo é de festa, boa!

No momento em que os olhos do mundo estão voltados para o Rio de Janeiro, que cada vez mais se afasta de suas maravilhas para ser internacional, os ouvidos do cenário musical poderiam não estar escutando muito bem, ainda mais se o assunto for música eletrônica. No entanto, a nova “cara” da cidade parece refletir positivamente nas pistas (de dança), que na resistência da noite a noite consegue surpreender e agradar os amantes da música de qualidade. Ou seja, além do notável amadurecimento, o “underground” carioca consegue garantir seu espaço e o que até pouco tempo atrás não havia: público interessado (em música).


Seria simples apontar falhas, traçar comparações e dizer que já frequentou lugares melhores, porém, para quem marca presença e acompanha o “submundo” carioca dificilmente não irá concordar que houve um amadurecimento considerável da cena.  Aliás, até para quem quiser negar tal afirmação será difícil, pois a galera vem forte e vem com consistência, mostrando a “cara” e muitos outros curiosos projetos. O fato é que o lado "Alt" do eletrônico evoluiu e consolidou de maneira original suas festas, produções e DJs, que carregam nas costas toda a estrutura necessária para elevar as pistas à outras dimensões.


“O amadurecimento é gradativo, tendo em vista que a cidade se prepara para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Assim, é natural que haja mais investimentos em diferentes nichos culturais. Grandes festivais de música já vêm acontecendo e, até lá, muitos virão, trazendo visibilidade e lucro. Mas, comparado com outros estados, a cena carioca ainda carece de investimento para ter uma constante programação de qualidade”, aponta o DJ e produtor Krishna Gomes, filho de Baby (do Brasil) e Pepeu Gomes, que assina o selo 11Hz Recordings e o projeto musical Freakslum, com Cícero Chaves, e atualmente o coletivo Brazilian Wax (ao lado do DJ Pedro Piu, Marcio Ribeiro e Felipe Benoliel, do Rio Neurotic Bass).


Em vez de pensar na comemoração do hexa ou esperar por uma medalha de ouro, um seleto grupo de artistas cariocas, quase no sentido literal da palavra, se destaca pela dedicação e seriedade dos trabalhos apresentados. Nesses últimos anos, eles hastearam a bandeira do pirata e fizeram do cenário eletrônico algo mais que interessante. Seja alternativa, underground ou pop de caveiras, a pista carioca possui algo único, que, inclusive, pode estar muito além do som. Mas, sem nenhuma dúvida, a evolução da sonoridade foi o estopim para todas essas mudanças. Um som original e comprometido se não posiciona a cidade dentro da rota internacional da música, já consegue chamar atenção até dos que estão mais longe. 


Apelidado como “herói da resistência” no único jornal da cidade, Bernardo Campos, ao lado de Pedro Mezzonatto, são figuras onipresente na noite, seja na residência mensal da festa Do Hauze (no Dama de Ferro), ou com o núcleo Molotov 21, que além de site é um selo musical. Bernardo, que também assina o projeto Toucan ao lado do DJ Olliver Mach, recentemente teve a idéia de reunir “as forças” para criar uma grande festa: a Quadra, que uniu o Molotov 21, a Tropical Beats (selo do casal de DJs Flow e Zeo), a La Folie (coletivo liderado pelo DJ Fernando Barbosa) e o House It (projeto do DJ Vicente Amadeo). Mas, há quatro anos, Bernardo organizava as famosas “mangue” e “pântano”, dois apelidos carinhosos de suas primeiras festas. É, de fato, as coisas mudaram amigo.


“O amadurecimento é natural ao tempo e não seria diferente com a música eletrônica. A profissionalização foi algo necessário para a cena estar onde está hoje”, aponta Ricardo Estrella, outro “onipresente” DJ e produtor carioca, que iniciou sua caminhada ainda em 1998. “O cenário ainda não é o ideal, mas trabalhamos duro para alcançar isso. Motiva-me o fato de estarmos melhorando a cada dia, tanto nas musicas produzidas, quanto nas festas realizadas”, completa Estrella, que adianta algumas de suas apostas: o Rockerr, projeto dele com o produtor Kriptus “Nytron” Gomes, o Tea Lyrics, parceria do casal Flow & Zeo novamente com Kriptus. Aliás, o produtor, irmão de Krishna Gomes, apresenta outras parcerias curiosas: Born To Be, ao lado da DJ Vivi Seixas (filha do cantor Raul Seixas), e outra com a DJ Nana Torres, uma revelação da noite carioca.


Para quem começou em 1992 - no clube Kitschnet, um dos primeiros clubes cariocas com festas de música eletrônica underground -, o DJ dos DJs, Mauricio Lopes, acompanhou de perto (dentro) todas as possíveis mudanças da cena e ainda não perdeu o fôlego. Ao contrario, olha com entusiasmo para o futuro. “É fato que o público e o interesse pela música eletrônica é maior, mas infelizmente o investimento em eventos de qualidade ainda é pequeno”, afirma. No inicio do ano, após a última reforma do clube Fosfobox, de Cabbet Araujo, Mau reeditou a festa mensal Fosfolopes, que já havia realizado ao lado de Renato Lopes. Agora, a festa voltou apresentar um nome de peso (como Anderson Noise, Luiz Pareto e Murphy) todo mês no “porão” mais querido da cidade.


Até o final de 2011, muitas festas e atrações prometem empolgar os cariocas. Quem garante isso é o coletivo La Folie, que celebrou dois anos em outubro. “Nossa festa de dois anos será somente no início de dezembro. Mas, o ponta pé já foi dado na Bootleg (que também inclui João Paulo, Marcio Careca e Jonas Rocha) convida La Folie com o duo Glocal. Em novembro, iremos passar novamente pela Fosfobox com o Oliver Klein na festa Boogie Woogie (do DJ Ricardo Estrella)”, antecipa Fernando Barbosa, um dos seis envolvidos no coletivo. Apesar de não se considerar bem um “DJ”, Fernando também assina o projeto RockPhonne, que se preocupa em resgatar músicas e estilos esquecidos.


No último fim de semana de outrubro , sexta-feira (28), a primeira edição do projeto Finest (uma iniciativa que envolveu a D.Edge Agency, a Tropical Beats, a 11Hz Records e a festa Rio Cabana) também pôde comprovar que a sonoridade do underground não está mais restrita aos "inferninhos", espécie de habitat natural. A nova festa, que contou o alemão Johnny D em sua noite de estreia, passará a ser realizada no conhecido e luminoso Café del Mar, localizado na orla de Copacabana, e contará com residência dos DJs Bruno Matera, Ricardo Estrella, Nana Torres, Pedro Piu e Marcelo Jesse, um "time de responsa" que dispensa comentários.


Em outra futura união dos núcleos Molotov21, Tropical Beats, Bootleg e La Folie,  o circuito “underground” irá brindar (consolidar) seu novo momento com a realização de mais uma grande festa: a Blend, que apresentará ninguém menos que o “top” Jamie Jones, um dos melhores DJs de house da atualidade. A esperada noite ocorre dia 14 de novembro, no tradicional Cine Iris (no Centro). “Esse ano foi realmente de muito trabalho e esperamos sinceramente que em 2012 o trabalho aumente bastante, porque assim a idéia fica melhor ainda para se trabalhar”, conclui Fernando. Sendo assim, se a cena “underground” carioca possui uma nova “cara”, esta deve estar com um imenso sorriso estampado, aguardando ansiosamente mais novidades desses artistas, entre tantos outros esquecidos, que fazem a cena acontecer. E que assim seja, pois a cidade maravilhosa mais que merece, sabe fazer...  é sonzera na caixa (preta)!!!




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sábado, 15 de outubro de 2011

#14

Bicicletada: arte sobre duas rodas

Focada na relação entre arte e mobilidade, a Bicicletada Artística reunirá inúmeros “arteiros” em um verdadeiro passeio cultural, que ocontece neste domingo (16/10) a partir das 9h, no Circo Voador.  É só arrumar a magrela e conferir.

Após despertar o comprometimento em criar um debate entre arte e mobilidade, assim como exaltar a relevância da bicicleta no assunto, um simples passeio de magrela acabou resultando em um surpreendente passeio cultural: a Bicicletada Artística, que traz um rolê de bike pela Lapa, além de shows, intervenções artísticas, exposições, mostra de filmes e até a tradicional feijoada.  O encontro dos ciclistas começa a partir das 9h, nos Arcos da Lapa, e a programação seguirá durante todo o dia no Circo Voador. Pernas pra quem ti quero!

   
Reunindo talentosos músicos, DJs, grafiteiros, artistas plásticos, fotógrafos, cineastas, atores, circenses e esportistas, a Bicicletada Artística nasceu de uma simples idéia, porém, com um importante propósito: difundir a bicicleta como um importante meio de transporte alternativo. Ou seja, exaltar a paixão pela bicicleta e pelo Rio de Janeiro. Com esse ideal, o grupo de artistas cariocas busca uma nova perspectiva da cidade sobre duas rodas, com lazer, saúde e transporte consciente. Um Rio mais verde e organizado.

 
“A idéia surgiu quando fui finalizar um clipe da banda Real Coletivo Dub, em Curitiba. Fiquei pirado com toda a responsabilidade dos envolvidos no projeto quando se tratava do assunto bicicleta, além do comprometimento da galera na relação entre arte e mobilidade. Não pensei duas vezes em começar esse movimento no Rio, juntando os artistas da Lapa e Santa Teresa. Recentemente roubaram minha bike e foi o estopim para a organização da Bicicletada Artística do Rio de Janeiro”, afirma o idealizador Paulinho Sacramento, cineasta, produtor e integrante do coletivo Bike-se (www.bike-se.com.br ).


 Com objetivo de difundir esse transporte de baixo custo e ecologicamente correto, além de incentivar a população trocar o carro pela magrela, a Bicicletada também almeja cobrar das autoridades mais respeito e atenção com os adeptos das duas rodas. “A Bicicletada Artística vem para alertar uma grande maioria de que é possível se juntar para a conquista de qualquer objetivo, não só através da arte, mas a partir de atitudes, seja ela grande ou mínima. Moviment-ação!”, completa Paulinho. 

 
Essa atitude dos envolvidos faz com que a Bicicletada, mesmo antes de sua primeira edição, já apresente alguns resultados positivos, como a viabilização de um bicicletário na Lapa. “O grande objetivo é termos bicletários por toda cidade, mas isso levará tempo. Antes, precisamos começar um processo de conscientização da população pela utilização da bicicleta como transporte e todos os benefícios que ela traz, além de cobrar das autoridades campanhas exaltem esse entendimento. Hoje a mídia é voltada para venda de automóveis, o que só piora a situação a cada dia que passa”, conclui Paulinho.

Abaixo confira a programação da primeira edição da Bicicletada Artística do Rio de Janeiro:

09h – Concentração da pedalada: Arcos da Lapa em frente ao Circo Voador. Com DJ Sapucaia. Credenciamento e camisas. Distribuição de água e kit lanche.

10h - Início da pedalada: Com DJ Sapucaia tocando durante o percurso e participação especial da Orquestra Cyclophonica de Câmara de Bicicleta (http://cyclophonica.blogspot.com/).

12h - Chegada ao Circo Voador com as atrações.

Preços:
Até às 18h:
R$ 10,00 (meia-entrada/ kg de alimento/e-flyer).
R$ 20,00 (inteiro)

Após às 18h:
R$ 15,00
(meia-entrada/ kg de alimento/e-flyer)
R$ 30,00 (inteiro).

Circo do Voador (Arcos da Lapa, sem número. Lapa). (21) 2533 0354
http://www.circovoador.com.br/

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

#13

Rio 2011: cinema aos cariocas

Até o próximo dia 18/10, o Festival do Rio 2011 exibirá mais de 350 filmes, de 60 países diferentes, em 18 locais da cidade cinematográfica. Pipóca não, vamos lá!

Os adoradores da sétima arte devem estar sorrindo à toa, ao menos os cariocas ou os que estiverem pelo Rio de Janeiro nos próximos dias. Isso porque, desta quinta-feira (06) até o dia 18/10, a 13ª edição do Festival do Rio, uma verdadeira maratona do cinema, irá exibir ao público mais de 350 filmes, de 60 países diferentes, em 18 locais da cidade. Para quem não quer perder tempo nas filas, a dica é a venda dos passaportes de 20 ingressos (R$ 160) ou 50 (R$ 300), disponíveis no site (ingresso.com). Haja pipoca amigo!


Nesta edição de 2011, o evento chega ao Rio destacando três longas nacionais já prestigiados em festivais estrangeiros (“O Abismo Prateado”, de Karim Ainouz; “Girimunho”, de Helvécio Marins e Clarisse Campolina, e “Histórias Que Só Existem Quando Lembradas”, de Julia Murat), além de filmes assinados por Gus Van Sant (“Inquietos”), Martin Scorsese (“Public Speaking”), Todd Solondz, ("Dark Horse") e, enfim, Pedro Almodóvar. O mais recente trabalho do cineasta espanhol, “A Pele Que Habito”, que marca o retorno de Antonio Banderas (espécie de ator-fetiche) ao seu imprevisível universo, foi exibido na sessão de abertura. Mas, terá mais é só ficar ligado.


Com mais de 350 filmes, a programação é dividida em mostras, como: Panorama, Expectativa 2011, Première Brasil, Première Latina, Midnight, Gay, Fronteiras, Dox, Filme Doc, Geração e Meio Ambiente. A mostra Itinerários Únicos, por exemplo, integra o festival pela segunda vez e foca o processo criativo de artistas em diversas áreas. Já a Foco Itália revela as recentes produções do cinema italiano, assim como Imagens de Israel, Made in USA e 50 anos da Semana da Crítica, que também integram o festival.


Apesar de lidar com números expressivos, o festival também se preocupa com apresentações mais delicadas, caso da adaptação do romance de Jorge Amado, “Capitães de Areia”, que é dirigido por sua filha Cecília Amado, e o “O Palhaço”, de Selton Mello. Ambos os filmes integram a categoria “Hors Concours”, da Première Brasil. O Festival do Rio 2011 ainda terá um espaço dedicado exclusivamente ao cultuado diretor de filmes de terror Dario Argento, que virá ao Rio para participar do evento, além de homenagear os diretores Béla Tarr e Patrício Guzmán..


É luz, câmera e música, esfera gritante desta 13ª edição. O cineasta paulistano Eduardo Coutinho (“Um Edifício Chamado Master”) buscou saber por que as pessoas cantam, entrevistando 42 pessoas de todas as classes sociais no centro do Rio de Janeiro. Essa pluralidade pode ser vista no documentário “Canções”, que faz parte da categoria Competição Longas Documentários. “Living in The Material World” (de Martin Scorsese), sobre o ex-Beatle George Harrison, e “Pearl Jam Twenty”, que narra trajetória da banda grunge de Eddie Vedder sob o olhar do diretor Cameron Crowe (“Quase Famosos”), se destacam na categoria Midnight Música e aparecem como um dos mais procurados pela platéia.


Para fechar com chave de ouro, na sessão oficial de encerramento, o festival exibirá ao publico o documentário “Raul - O Início, o Fim e o Meio”, de Walter Carvalho. Outra novidade do evento é a inclusão do Cine Carioca, que fica dentro da UPP do Complexo do Alemão, além do projeto Cine Tela (com telões aberto ao publico em Realengo). Isso sem falar na participação do projeto Cinema Livre, que ocupa praças e comunidades com projeções públicas gratuitas.


Além de fazer a alegria dos apaixonados por cinema, o Festival do Rio 2011 reforça toda a importância do Rio de Janeiro na indústria cinematográfica, já que a cidade é a principal investidora no país. Em 2009 e 2010, a Prefeitura destinou R$ 37,5 milhões para atender 75 projetos de empresas cariocas. Somente até o fim de 2011, cerca de R$ 20 milhões devem ser repassados para atender mais de 95 propostas. O festival carioca ainda não chega a ser um Cannes, mas também não há essa pretensão. O nível das produções nacionais, somado o interesse do publico, tem garantido com muito esforço filmes e eventos originais (do Samba). Bravíssimo!

Escolha seu filme e baixe a programação completa do festival http://www.festivaldorio.com.br/

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