terça-feira, 6 de março de 2012

#27

Rasmus: no topo do Dois Irmãos

Visando o alto de um dos postais mais clássicos do Rio, o DJ dinamarquês sobe o Vidigal e nos descreve um pouco melhor essa experiência e também sua sonoridade.

Em mais um dia de sol intenso - daqueles privilegiados, na praia do Leblon -, olhava o Morro Dois Irmãos e só conseguia imaginar uma coisa: como seria a vista lá de cima dessa montanha que mais parece um “elefantes de diamantes sentado”? Essa, em especifico, era uma indagação de Rasmus Lutzen, um DJ dinamarquês de passagem pelo Rio de Janeiro, mas poderia ser a de muitos cariocas, com certeza. Afinal, quem não toparia fechar um programa como esse. O fato é que nem todos sabem que isso é possível, permitido e, o melhor, não exige tanto esforço quanto pode parecer. Para subir no topo de um dos mais clássicos postais é preciso apenas vontade, já que a trilha é aberta, não apresenta riscos e possui acesso pelo alto do morro do Vidigal. Ou seja, além da vista da cidade, a “escalada” ainda conta com um verdadeiro “tour” por essa surpreendente comunidade.


Ao saber de tal facilidade, Rasmus, acompanhado de sua amiga Nicole (uma autêntica alemãrioca), logo se prontificou a fazer a trilha. Mas, como ele, que é lá da Dinamarca, foi parar no ponto de moto-taxi do Vidigal? “É a minha segunda vez no Brasil. Antes, fui muitas vezes tocar na Austrália, mas queria viver em uma cidade grande e diferente. São Paulo me pareceu interessante, já que a cena (eletrônica) é bem grande. Não sabia o que esperar e, por isso, contei com algumas dicas de brasileiros que vivem na Dinamarca, como o casal de DJ’s Renata e Jokke (que, por sinal, levantam qualquer pista)”, afirma Rasmus. “Passei meu primeiro mês no Rio e fiquei muito impressionado com a beleza da cidade, porém, surpreso que a cena eletrônica aqui ainda não é tão grande. Descobri que o forte aqui é a praia, como se o Rio fosse para o dia, e São Paulo para a noite”, completa.


Após cinco minutos subindo a Av. Presidente João Goulart e, pelo ponto de vista do Rasmus, desmistificando o estereótipo de uma “favela”, descemos da moto no Largo do Santinho, onde já demos de cara com um, segundo o dinamarquês, “inesquecível bloco”, que vinha descendo a ladeira em pura magia, enquanto o próprio já caia no embalo do samba e respondia a cadência da bateria (ele pirou). Subindo a pé até o final da mesma e infinita João Goulart, depois de passar pela Quadra - antes dominada pelo tráfico, hoje base da UPP -, pelo lindo campo de society e por centenas de becos e bares, paramos no último deles antes de pegar a tal trilha. A partir daí, partimos em direção à mata, onde andamos aproximadamente 45 minutos, contando, é claro, com algumas paradinhas. “No ano passado, conheci o Complexo de Alemão, onde eu fui tocar para a comunidade, convidado por Cabbet Araújo, no evento Abraço da Paz. No entanto, aqui no Vidigal é diferente”, afirma o DJ.


Do alto do Dois Irmãos, diante de uma vista indescritível que te cerca por todos os lados, o DJ dinamarquês começa a falar um pouco mais sobre seu trabalho. Apesar de trazer claras referências da escola escandinava em suas músicas, como Trentemoller e Kasper Bjorke, Rasmus, que já tocou em algumas festas de destaque por aqui, prefere exaltar a originalidade presente em seu som. “Eu gosto de priorizar as melodias nas músicas, dando um ar sexy
e suave. Normalmente, eu não olho muito para os artistas quando escuto uma música. Eu ouço os lançamentos e classifico as faixas que gosto de acordo com as datas, independentemente do rótulo e do artista”, aponta. Antes de voltar para Europa, Rasmus ainda se apresentará em algumas festas brasileiras. Em relação à caminhada até o topo do Dois Irmãos, trata-se de uma experiência única e viável. “A partir dessa vista, o Rio é definitivamente a cidade mais bela que conheci até agora!, completa o DJ, que também não dispensa um bom churrasco.



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