quinta-feira, 8 de março de 2012

#28

Lightpaint: uma pintura de luz

Fotógrafo criado e (re)conhecido na cena underground, Henrique Madeira se destaca como um dos precursores do lightpainting no Rio de Janeiro. É luz, câmera e ação!!!

Figura mais que (re)conhecida no cenário underground carioca e fotógrafo “das antiga”, Henrique Madeira  aparece como uma referência em uma proposta artística que até pouco tempo atrás não era muito explorada no Rio de Janeiro e, por consequência, não chamava muita atenção. Trata-se do lightpaint (a pintura de luz), uma técnica de fotografia criada a partir da relação entre a luz e a velocidade do “disparo”, o tempo que o obturador fica aberto. “O lightpaint permite que você pinte um ambiente sem deixar marcas e com imagens fora da realidade, como pintar um barco no asfalto, um peixe pulando de um copo e as simples escritas. Ao longo do tempo de registro da foto em ambientes sem luz, você consegue fazer esses desenhos com lanternas coloridas, luz de celular, isqueiro e qualquer outra fonte de luz”, explica o fera ao aprendiz.


Apesar de todo seu ineditismo aos olhos do Rio, essa técnica já era usada, mesmo sem querer, desde 1914, quando Frank Gilbreth e a esposa Lillian Moller Gilbreth deixaram a câmera com o obturador aberto para acompanhar o movimento de produção e dos trabalhadores no escritório. Neste caso, como Gilbreth estava mais interessado em recolher dados para seu estudo sobre a “Simplificação do Trabalho”, o uso da técnica ainda não explorava o conceito artístico. O primeiro artista a usar o light painting como arte foi Man Ray, que se considerava um pintor e era conhecido por suas fotografias “avant-garde”. Em 1935, com a série “Writing Space”, ele apresentou a técnica pela primeira vez como arte. Já aqui no Rio de Janeiro, Henrique Madeira começou a “brincar” com essa história somente em 2008, usando uma Powershot. Mas, em 2010, seu light já era usado profissionalmente.


O fotógrafo Fabrice Wittner (autor da foto acima) recentemente voltou a colocar o lightpainting em evidência com a série “Enlighted Souls”, que trazia imagens quase reais de crianças e desabrigados do Vietnã e Nova Zelândia. Com a técnica do light stencil, Wittner
"pintou estênceis com personagens iluminados para lembrar a perda e mostrar o espírito de uma cidade destruída”, já que Christchurch tinha acabo de ser castigada por um intenso terremoto. Outra referência no assunto é o francês Marko 93, que destaca uma curiosa mistura de lightpaint com vídeo em seus trabalhos e vale procurar um pouco mais a respeito. Já o carioca de Campo Grande, em Lisboa, Henrique Madeira busca a originalidade através de sua conexão com a cidade. “Experimento o máximo de formatos possíveis, misturo várias influências e agrego as paisagens para completar o conteúdo. Sou um amante da fotografia e suas possibilidades, e o Rio é um dos lugares mais bonitos do planeta para se fotografar. Acho que misturei alguns elementos que deram certo”, detalha o fotógrafo.


Sob influência da cultura de rua, o lightpaint do fotógrafo carioca bebe da mesma fonte e, por isso, apresenta uma ligação muito forte como o grafite, tanto que sua técnica pode ser considerada como uma espécie de pintura sem respingos de tinta e sem limites. Além de já ter apresentado o lightpaint em uma série de eventos e festas, Henrique pretende usar o lightpaint com uma proposta mais comercial (em álbuns) e também possui alguns projetos artísticos em fase de finalização (inclusive, abertos a possíveis patrocinadores). No entanto, sua “menina dos olhos”, como ele mesmo descreve, é o projeto que em breve levará uma série de oficinas para crianças carentes e em tratamento no Hospital do Câncer. De acordo com o fotógrafo, a ideia é expandir o uso da técnica e firmar o lightpaint buscando novos horizontes. Aqui é luz, câmera, ação e muita consciência. Confira melhor as pinturas de luz do fotógrafo Henrique Madeira em seu próprio BLOG.

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