quarta-feira, 29 de maio de 2013

news

Exposição exalta relevância da mulher na arte

Reunindo 120 obras emblemáticas, de 65 artistas diferentes - todas elas mulheres -, a exposição “Elles – Mulheres Artistas na Coleção do Centre Georges Pompindou”, vinda diretamente da França e apresentada pela primeira vez no Brasil, chama atenção por exaltar a relevância da mulher na história da arte e, mesmo de modo subjetivo, reacender outras importantes questões, como: elas continuam sendo minoria no mercado artístico, ainda são restritas a objetos de observação e  qual o motivo de não existirem artistas do sexo feminino equiparadas a Leonardo da Vinci e Michelangelo? Apesar de não trazer respostas por escrito, a mostra em questão, que foi inaugurada na última sexta-feira e seguirá em cartaz até o dia 14/07 no CCBB (Av. Primeiro de Março, 66. Centro), reúne obras impactantes o bastante para reforçar que não há mais espaço para possíveis distinções de gêneros nos museus e galerias, já que, acima de tudo, a arte é livre (e feminina).

Durante toda história da arte e, mais especifico, no século 19, as artistas mulheres causavam um enorme desconforto ao trocar a esfera privada pela pública, seja pela quebra dos padrões vigentes, pela ameaça da concorrência diferenciada ou por puro machismo. O célebre Auguste Renoir, por exemplo, ganhou fama com impecáveis retratos de mulheres e meninas de bochechas rosadas, mas, por outro lado, era criteriosamente contra a presença feminina no mundo da arte. “A mulher artista é ridícula, mas sou a favor das cantoras e das dançarinas”, dizia o pintor francês, uma afirmação que não deixou de se legitimar com o passar dos anos, porém, não nesta exposição. Isso porque, a mostra em cartaz no CCBB, que conta curadoria assinada pelas francesas Emma Lavigne e Cécile Debray, além da produção da brasileira Ana Helena Curti, segue o caminho oposto. Aliás, em 2010, quando foi inaugurada em Paris, a mostra chegou a ser acompanhada debates e palestras sobre o tema.

La Chambre Bleue (O Quarto Azul, 1923), de Suzanne Valadon, subverteu a forma como a mulher era representada.

Mesmo sem levantar esse merecido debate, as obras reunidas na “Elles”, datadas de 1907 a 2010, falam por si só, tendo em vista que a maioria delas não se desprende deste contexto. Desta forma, a exposição em questão reúne obras de criadoras pioneiras, como Frida Kahlo (“The Frame” 1938, na foto) e Louise Bourgeois, e contemporâneas, como Valie Export, Nan Goldin e Sophie Calle, além de brasileiras como Lygia Pape, Anna Maria Maiolino e Anna Bella Geiger. Um dos trabalhos mais famosos do Guerrilla Girl, grupo anônimo de artistas que usavam máscaras de gorila para provar a conduta misógina dos museus na França e EUA, os quais insistiam em privilegiar obras de artistas masculinos, também poderá ser conferido na mostra através de um cartaz de 1989, A Grande Odalisca, do pintor Jean-Auguste Dominique Ingres. Neste, o grupo troca a cabeça usada pelo de uma macaca e, inclusive, insere uma inscrição abaixo da colagem: “As mulheres precisam estar nuas para entrar no Metropolitan Museum? Menos de 5% dos artistas nas seções de arte moderna são mulheres, mas 85% dos nus são femininos”. 

Elles: Mulheres Artistas na Coleção do Centro Geoges Pompidou
CCBB RJ – Rua 1º de Março, 66. Centro.
Até 14/07. De Terça a Dom., das 9h às 21h. Grátis.

Acompanhe nossa página no Facebook.