domingo, 13 de maio de 2012

#38

PXE: uma galeria a céu aberto

Com uma série de mais de 40 pinturas em quadros de luz, o designer carioca Márcio “PXE” espalha sua arte pelas ruas para dar forma a uma curiosa "galeria a céu aberto".
   
O formato e o tamanho até se aproximam das medidas de uma verdadeira tela, mas os quadros pintados pelo designer carioca Márcio “PXE” exploram um suporte mais inusitado e, principalmente, mais urbano: os quadros de luz que estão espalhados pelas ruas do Rio de Janeiro. Mesmo não sendo o único a aproveitar e dar uma nova cara a esse espaço cinza, PXE se destaca por ter já pintado uma série com mais de 40 “quadros” (de luz) - a maioria na zona sul, entre Copacabana, Ipanema e Leblon -, o que dá forma a uma verdadeira "galeria" a céu aberto. Apesar de ter menos de dois anos atuando como grafiteiro, Márcio usa uma mistura entre intimidade com a parede e traços experimentais para formar suas pinturas, que, por sinal, não ficam somente restritas às telas, ficam expostas na cidade.


“O primeiro contato com o spray foi nos anos 80, pixando pela zona norte. Mas essa onda durou apenas uns seis meses. Em dezembro de 2010, eu participei da Invasão Cultural no Complexo do Alemão e lá fiz meu primeiro grafite com a Odaraya “AV Ponto” e Bryan “Nata”. Logo depois, rolou um paredão para um grande festival de MPB na Marina da Glória. Em fevereiro de 2011, com as latas que sobraram desse trabalho, finalmente fui pra rua e sozinho. A partir dai não parei mais”, conta Márcio, que também explica o porquê das caixas. “Vi as caixas limpas no meu bairro e fui pintando... e assim fui montando a galeria PXE ao ar livre. De fevereiro de 2011 até hoje, já foram mais de 40 e, pelo menos, 20 delas ainda estão pintadas”, completa. O fato é que não é nada difícil encontrar um exemplar e, tampouco, seguir o exemplo.


Com formação em desenho industrial pela UFRJ e com um “escritório montado na praia”, Márcio PXE ainda não adotou o grafite como profissão, mas anda investindo alto nisso tendo intenção ou não. No entanto, como a maioria dos ativistas da arte urbana, ele não possui patrocínio, possui vontade e inspiração. “Quando tenho tempo, pego as latas que pago do meu próprio bolso e vou para rua pintar. A ideia é passar uma visão otimista da vida, fazer com que as pessoas dêem um tempo na correria para apreciar a arte, dar uma risada ou simplesmente pensar”, afirma o artista que difere seu trabalho com desenhos de seu imaginário e mais três letras: P X E. A originalidade também se sobressai no universo criativo de Márcio, que ilustra elefante ouvindo música, astronautas, mergulhadores, mulheres e, é claro, peixes – todos com algo em comum: o diferente.


Usando a cidade para expor seus trabalhos e, por conseqüência, divulgar o seu trabalho, PXE continua trabalhando em sua galeria e, segundo ele, também sendo correspondido. Para quem está pintando nas ruas e pagando do próprio bolso os custos desta aventura - que não são poucos -, a motivação é algo fundamental, o reconhecimento então nem se fala (mas se sente). “Sinto que as pessoas curtem e respeitam o grafite cada vez mais, independente da idade. A arte urbana cria uma relação mais íntima e mais próxima entre artista e público, além de acabar com a exclusividade e os privilégios. A arte simplesmente está aí, livre, pra quem parar e olhar”, conclui. Antes destinados ao despercebido, os quadros (de luz) se redescobrem na cidade e, de fato, viram quadros, assim como os dos museus – mas de verdade e nas ruas.


Veja mais imagens dos trabalhos de Márcio PXE.

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