quarta-feira, 3 de abril de 2013

#71

Alabama Shakes: num circo de som e alma

Liderada pela vocalista Brittany Howard, que faz um show à parte, o quinteto de Athens tomou o Circo Voador na noite da última segunda com um show, no mínimo, inesquecível. Foi de arrepiar!!!

Fechando a série de quatro shows internacionais do Circo Voador, que teve Hot Chip, Two Door Cinema Club e Passion Pit - todas atrações do Lollapalooza -, a banda Alabama Shakes, mesmo tendo tocado no festival citado e no Cine Joia nas duas noites anteriores, desembarcou no Rio de Janeiro e, em plena segunda-feira (01/04), sacudiu a lona da casa com uma apresentação visceral, intensa e inesquecível. Embora a maioria das músicas do primeiro álbum “Boys & Girls”, lançado em abril do ano passado, tenha sido cantadas em alto e bom som pelo público, o que chamou atenção mesmo foi a atuação de Brittany Howard – um show à parte (e dos bons). Com uma voz de outro mundo e uma energia para lá de contagiante, a vocalista - que dificilmente não seria reconhecida como uma “roqueira” à primeira vista - esbanjou talento, foi além dos limites e, logo após a primeira música, já havia tomado o público de assalto, algo mágico. Quem foi pode comprovar amigo Franz, ela, literalmente, arrepiou.



Com Heath Fogg (guitarra), Zac Cockrell (baixista), Ben Tanner (teclado), Steve Johnson (bateria) e Brittany, que, além do vozeirão, arrebenta na guitarra, o quinteto de Athens, uma pequena cidade do norte do Alabama, não só justificou o rótulo de “banda do momento” como também mostrou que ainda dará muito que falar. Sem adotar a tática de querer guardar os hits para o fim, os Shakes começaram o show, por volta das 22h30, com uma sequência impressionante - “Rise”, “Hang Loose”, “Hold On” e “Always Alright”, talvez as mais conhecidas - e seguiram com sua pesada sonoridade regional até o final, como se fosse uma viagem ao curioso balanço do Alabama. No final, depois de ter quebrado corda, feito a guitarrinha verde falar, transpirado horrores, se descabelado e arrancado calorosos aplausos do público desacredito com seus solos vocais, a vocalista ainda tinha energia para dar mais e, inclusive, humildade para reconhecer o bom acolhimento do público carioca: “amor, isso é tudo que eu sei dizer em português”, declarou Brittany ao apontar para galera. “Vocês deviam saber que moram em um paraíso”, disparou a vocalista em outro momento do show.



Após um pouco mais de 1h20 de show intenso, os Alabama Shakes, que não negam o som de suas origens e apresentam uma rica mistura de blues e folk em seu rock pesado, seja ele indie ou alternativo, já haviam tocado o público com uma receita simples e sem pirotecnias: som e alma. Com o desgaste estampado no rosto de Brittany, a banda saiu de cena para tomar fôlego e, após um pedido imediato por parte dos fãs que queriam mais (todos, naquele momento), voltou para fechar a apresentação com chave de ouro. No chamado “bis”, que sucedeu dois grandes sucessos, “On Your Way” e “You Ain’t Alone”, o quinteto tocou mais três faixas - “Gospel Song”, “Heavy Chevy” e “Heat Lightning” -, sendo uma mais vocal, outra supostamente nova e uma de improviso. De outubro de 2011, quando tocaram no festival CMJ em Nova York, até o momento atual, os Shakes passaram dos covers de Ottis Reading, Led Zeppelin e AC DC aos palcos do mundo, mas não perderam a essência de uma banda formada a partir de uma amizade na universidade de psicologia. Agora, pelo visto, é levar Alabama mundo a fora, já que o Rio não se esquecerá tão cedo. Até a próxima, certeza.

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