quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

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Alma, calma! As mulheres de Bobi

Intitulada “Alma, calma!”, a exposição individual do artista carioca Carlos Bobi abre suas portas ao público neste sábado, a partir das 16h, no Sesc São João de Meriti. Vai com calma que é de alma.

Dono de um talento inquestionável e um estilo marcado pela combinação entre letras e retratos, o artista carioca Carlos Bobi reúne algumas de suas obras mais recentes em uma esperada exposição individual, “Alma, calma!”, título que já seria capaz de dar uma resposta a qualquer espécie de cobrança pela espera. Algo do tipo: vai com calma que é de alma. Integrante do Espaço Rabisco; uma espécie de escritório de arte com escola de grafite; da Galeria Nove Cinco, um coletivo que reúne artistas de diversas vertentes, e um dos idealizadores do Meting of Favela (MOF), festival que ocorre há oito anos em Duque de Caxias, Bobi não começou agora e, por isso, tem bagagem de sobra para buscar um trabalho mais conceitual. Nesta mostra, por exemplo, o foco está na essência da figura feminina, mulheres que, uma vez libertadas de seu inconsciente, ganham as telas repletas de vida e sentimentos – de alma mesmo, como sugere o título. A exposição, que terá sua inauguração realizada neste sábado (09/02), a partir das 16h, seguirá aberta ao público até o dia 28/02 no Sesc São João de Meriti. Sem medo de chegar, vale conferir.


Sesc São João de Meriti
Av. Automóvel Clube, 66. (21) 2755 7070 
Entrada franca. Até 01/03.


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#100

Revolue: um presente em Wynwood 

Celebrando dez anos de caminhada, o artista paulistano fala sobre sua visita à feira Miami Art Basel e sua estadia na disney do graffiti. Quer saber o que rolou lá, se liga aqui. E let´s Revolue!


Às vésperas de completar uma década de Revolue, projeto iniciado ainda em 2004 com a intenção “de rabiscar, pintar, sujar, escorrer e criar todo tipo de arte - seja ela qual e onde for” -, o paulistano Marcus Vinicius Coelho, mais conhecido pelo nome da marca que defende, decidiu investir e se presentear com a realização de um antigo sonho: visitar a renomada feira Art Basel de Miami e aproveitar a efervescência cosmopolita de Wynwood Art District, sub-distrito onde se encontram as galerias e os famosos murais que dão forma a sua não menos conceituada mostra paralela. No entanto, para não ficar apenas nos devaneios da badalação local, algo do tipo “Um Maluco em South Beach”, o artista fez do esperado passeio uma verdadeira missão, na qual deixava a paulicéia desvairada com o claro objetivo de absorver novas influências e levar suas obras para outro tipo de público (mercado), principalmente galeristas em busca de novos talento$ - os novos merchands que, se não transformam traços de jet em ouro, fazem dos grafiteiros os rock-stars do momento. Hotel reservado, ingressos comprados (os quatro dias da feira por US$ 90), pastinhas em baixo do braço e lá foi ele, com mais dois amigos aventureiros, correr atrás de novos contatos e vivências, mas ainda sem saber que, do dia 28 de novembro, no pré-Basel, até 14 de dezembro, no pós-festa de Wynwood, a sua viagem sairia “200 vezes melhor do que o esperado”, como ele mesmo descreveu em entrevista ao Ctrl+Alt+Rio, na qual fala um pouco sobre seu trabalho e, é claro, suas andanças por um dos maiores encontros de arte urbana do mundo. Quer saber o que ocorreu por lá, basta ler aqui… Diz aí, Revolue.




Revolue ao lado de Mr. Brainwash

“É algo inexplicável. A cidade inteira parece absorver o clima da feira, tudo respira arte e você pode encontrar obras espalhadas por todos os cantos, desde de bares, em mini-galerias, até no hall do próprio hotel. O chocante é você acompanhar tudo aquilo de perto, os caras que sempre admirou, os trampos em seus detalhes, e sem ninguém te cobrar nada para falar ou tirar fotos. Me surpreendeu e muito essa questão”, resumiu Marcus ao explicar que, através de um simples aplicativo gratuito, podia acompanhar toda programação paralela e acessar uma espécie de mapa com as obras espalhadas nos arredores da área antes ocupada apenas por antigos armazéns e terrenos abandonados. A partir daí, assim como todos os presentes, era desbravar, descobrir e aproveitar. “No primeiro rolê, eu já dei de cara com o (também paulistano Eduardo) Kobra, artista que admiro muito. Aí, batemos um papo e tal. O cara foi super simpático e atencioso. Aliás, no geral, todos se mostravam dispostos e bem receptivos”, apontou Revolue, que, na sequência, apenas alguns metros à frente, já diz ter se deparado com outro “monstro” em ação, desta vez o austríaco Nychos (The Weird), “aquele que costuma apresentar seres e animais desmembrados em suas telas e murais”. “Sempre tive contato com suas obras, mas você ver de perto um artista reconhecido internacionalmente é outra coisa... Lembro-me de ter chegado a pensar: ‘isso é real, existe mesmo’. É fabuloso ver a dimensão dos trabalhos e seus detalhes ou, por exemplo, encontrar o Mr. Brainwash em um local inesperado”, completou o artista paulistano que já esteve na Munique Fair, na Alemanha, e também já residiu em Londres.

Trabalho realizado pelo artista paulistano Eduardo Kobra.

Obra de Nychos "The Weird"

Se as ruas de Wynwood traziam o calor da presença impactante dos artistas, em um ambiente amistoso de informalidade, de contato direto com publico e obras, a Miami Art Baesel, por outro lado, se mostrava mais fria, na temperatura da champanhe que basicamente era servida aos compradores de arte no Centro de Convenções de Miami. “A feira era mais profissional, mais chic. Sempre tinha um cara para lhe servir e dar explicações sobre as obras, enquanto o publico frequentador era visivelmente mais velho e com um poder aquisitivo maior. Lá dentro era tudo certinho e, inclusive, com espaços reservados aos colecionadores”, descreveu Revolue, que, depois de ter adquirido as entradas para os quatros dias de feira, ganhou o direito de marcar presença na badalada pré-estreia da próxima edição – caso pague por isso, claro. “A Art Baesel tem mesmo cara de museu, mas, sem dúvida, vale a pena. Para exemplificar, lembro-me de ter encontrado um Baskiat de 85 e, logo ao lado, um óleo sobre tela de Picasso datado em 68”, contou o artista sem esconder a empolgação com sua viagem. Embora exista uma clara distância entre tais universos, os eventos se mostram mais complementares do que adversos, tendo em vista que arte é arte independente do lugar, seja no centro de convenções, nas paredes dos comércios locais ou em Wynwood Walls, a mostra fixa (e aberta) com os principais nomes da arte urbana internacional. Aliás, nesta quinta edição da mostra paralela, o famoso espaço foi tomado pelas mulheres – um reflexo da atual sociedade, como definiu o curador Jeffrey Deitch, e do projeto Women on the Wall, que contou com a participação das artistas AikoMiss VanFafiMaya Hayuk, Faith47, Lakwena, Kashink, Sheryo, OlekTooflyClaw MoneyJessie & Katey, Myla, Shamsia Hassani e da lendária Lady Pink. 

Miss Van em ação. Imagem: Martha Cooper.

Maya Hayuk por Martha Cooper.
Além da quantidade e diversidade de obras vista nas ruas de Wynwood, onde alguns artistas cariocas marcaram presença em 2012 em nome do Instituto Rua (ArtRua), outro aspecto que chamou atenção do paulistano na disneylândia do graffiti foi a receptividade, algo que, no minimo, já o deixava mais esperançoso em relação a sua citada missão. “Saí daqui com uns três contatos adiantados, mas cheguei a falar com mais de 30 (representantes e galeristas) por lá, incluindo alguns brasileiros (duas galerias de São Paulo), que, por sinal, eram os que se mostraram menos abertos. Alguns faziam questão de te dar um retorno e outros demonstravam mais interesse, mas, no geral, todos eram bem atenciosos e faziam questão de ver meus trabalhos ou saber do meu conceito. Acredito que consegui fazer boas conexões, como uma com uma galeria de Seul (Coréia do Sul)”, detalhou o paulistano, que, com dez anos de Revolue na bagagem, reconhece as difulculdades em (sobre)viver da própria arte no cenário nacional – “ainda muito fechado”, segundo ele. “Sei do meu potencial, acredito no meu trabalho e só fui lá fora buscar esse ‘business’ porque não encontrei nada por aqui, onde a cena ainda é muito restrita, com muita panela. Lá o tratamento é muito diferente. Enfim, a gente tem muito o que crescer”, apontou Revolue ao ressaltar que, enquanto as galerias aqui costumam representar entre seis e dez artistas, lá fora elas chegam a ter até 30 artistas. Como uma própria estrutura de comercialização de suas obras e sem nenhum tipo de intermédio, Revolue o artista segue na luta possui nenhum lugar cativo na cena nacional - “ainda muito restrita”, segundo ele. Motivado com os resultados de sua viagem, na qual afirma ter “crescido no sentido cultural da palavra”, o artista inicia 2014 repleto de ideias e projetos a serem lançados e relançados, como uma série de casinhas de passáro e um trabalho inteiramente dedicado à caligrafia (Sketch). Saiba mais sobre o trabalho do artista no site www.revolue.com e, como ele mesmo costuma dizer, let´s Revolue! 

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