quinta-feira, 18 de julho de 2013

#81

Wilson Hsu: a arte da (re)descoberta

Filho de imigrantes taiwaneses, criado na Califórnia e carioca, o artista retoma o caminho da arte em meio a (re)descoberta de sua terra natal - em pleno Saara, dá para imaginar? Então, se liga!!!

Com trabalhos tão ricos e curiosos quanto sua própria história de vida, o “carioca” Wilson Hsu vive um momento de novo entusiasmo dentro de sua trajetória artística, motivação que, ao contrário do que imaginava até então, só veio à tona em sua terra natal - na loja de flores de plástico de seus pais no Saara, sendo mais específico. Filho de imigrantes taiwaneses que se conheceram no Brasil, em São Paulo, Wilson nasceu no Rio e, pouco tempo depois, acabou deixando a cidade sem descobrir suas maravilhas para viver com sua família na Califórnia, onde foi criado e viveu até aos 18 anos. Fascinado desde pequeno pelas linhas e formas vindas dos desenhos animados e dos livros infantis, base da edução de grande parte das crianças americanas, Hsu decidiu aprimorar seus estudos em arte, mas, para isso, teria que se afastar novamente da cidade em que nasceu. E assim foi... “Nesse período, meus pais decidiram voltar ao Rio, e eu finalmente pude conhecer a cidade onde nasci. Foi um grande choque cultural. Mas, depois de um ano e meio aqui, resolvi voltar mesmo sozinho para L.A. com a intenção de fazer o que realmente gostava: estudar arte. E foi na Otis College of Art and Design que aprendi grande parte do que sei”, afirma o artista ciente de que tudo possui seu tempo (é agora).


Após dez anos longe de casa, em 2008, quando a crise americana começou a quebrar muitos negócios em diversas áreas, Hsu resolveu voltar ao Rio para ter mais uma chance de conhecer a cidade que nasceu e, agora, também ver o que ela poderia lhe oferecer. “Cansado e um pouco frustrado, resolvi tirar férias sem período determinado para voltar a trabalhar com arte. E foi na loja de flores de plástico dos meus pais no Saara, no centro do Rio, que fui sendo submerso em cores, texturas e formas, tanto das coisas e como das próprias pessoas. Eu estava de férias, mas meus olhos não”, aponta o artista, que reconhece que, antes de voltar, jamais poderia dizer que o Rio havia o inspirado de alguma forma. “Apesar de ter nascido aqui, faltava contato e vivencia.  Parte do meu trabalho tem por base cenas misteriosas de montanhas geladas, desertos, fundo de mar e robôs que cospem espermas voadores. Tanto do lado natural quanto do artificial, era um mundo completamente diferente do que eu encontrei no Rio, onde as pessoas em geral costumam ser muito receptivas e abertas, e a natureza se mistura facilmente à cidade”, completa Hsu, que, por sinal, ainda está se familiarizando com o idioma português e com a estereotipada malandragem do carioca.


Embora ainda não tenha encontrado uma oportunidade de expor seus trabalhos em terras cariocas, o artista continua dedicado a criar e, inclusive, explorar novos modelos - alguns mais próximos às novas exigências do mercado, ou seja, mais comercializáveis. “Estou voltando pouco a pouco a me dedicar à arte e também experimentando outras maneiras de trabalhar com ela. Sempre procurei usar o básico de recursos digitais. Meus desenhos são chapados, com cores muito vivas e misturas um tanto quanto inusitadas. A profundidade geralmente vem da colagem que faço com o papel impresso, sendo que a madeira é o meu suporte, onde sobreponho diversas partes de uma paisagem e destaco em acrílica o que acho necessário dentro de uma determinada cena. Nunca gostei de um trabalho 100% digital e, talvez por isso, procuro usar a colagem e a tinta para destacar, assim como para envelhecer a tela”, detalha Hsu. No entanto, diante desta nova fase, o artista se mostra muito mais aberto ao experimentalismo, enquanto suas obras, que já costumavam chamar atenção, passam a ganhar mais espaço e pessoas. “Tenho um projeto agora que, por ser mais digital, poderá ser impresso em camisetas, caderninhos e postais. A ideia é chegar mais perto das pessoas, tirando esse status de ‘coisa para não ser tocada’ que a arte muitas vezes possui”, finaliza.


Alguns desses trabalhos podem serem vistos na Wilson Hsu Art, sua página recém-criada no Facebook. Confira e curta!

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