segunda-feira, 1 de julho de 2013

#80

Urban Arts Rio: enfim, ela chegou!

Assediada pelos artistas e adorada pelos mais moderninhos, a galeria abre as portas de sua filial carioca apresentando a exposição “Rio de Todos os Santos”, do artista plástico João Batista.

Em um momento de efervescência no mercado das artes, no qual as galerias se reinventam  em novos modelos e espaços para captar um público à margem do elitismo em torno do padrão clássico, a Urban Arts - criada em 2009 pelo designer André Diniz - inaugura sua primeira filial em terras cariocas sem deixar de lado o lema que moldou o êxito de suas outras seis casas já abertas: “Arte (de todos) é para todos”, mas tudo com seu preço. Alavancada pelo pioneirismo “no ramo” das artes digitais, a “queridinha” dos mais antenados começou a se destacar por se mostrar aberta aos artistas, principalmente aos mais novos, e extremamente atrativa aos apreciadores, que, segundo a própria marca, também ganham com a oportunidade de dar o “primeiro passo” no mundo dos investimentos em telas. Seguindo a influência das lojinhas pós-museu, as atraentes gift shop, e apostando em obras mais acessíveis - de R$ 50 até R$ 4 mil -,  a U.A conseguiu firmar seu conceito seguindo essa receita e, no Rio, sob a batuta da jornalista e produtora de moda Paula Multedo (a Pola), não teria porque ser diferente. Apesar da certa demora, a unidade Rio, situada na Gávea, abriu suas portas no último 27/06 e pôs fim a ansiedade dos seguidores cariocas, que já podem conhecer o espaço e acompanhar a exposição “Rio de Todos os Santos”, do artista João Batista.


Embora a arte em questão esteja condicionada ao mercado e ao lucro, uma relação que começou a ser questionada ainda nos anos 40 com o termo “Indústria Cultural”, elaborado pelos frankfurtianos Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, o bom funcionamento da galeria empresa possui um lado positivo que vai muito além de seu saldo. “Sempre acreditei que o artista, mesmo que ainda não tenha chegado ao estrelado, merecia um espaço organizado com todo o aparato necessário para que pudesse brilhar, e com requintes que vão desde convites impressos até uma assessoria focada em sua divulgação”, aponta Pola, que ressalta que sua relação com o proprietário da matriz também á pautada pela preocupação com os artistas: "Nosso contato é diário para justamente  melhor atender os clientes e artistas. Um dos nosso maiores objetivos como marca é colocar  em pratica  a ideia inicial de que as  exposições deverão rodar  pelos demais estados do nosso país, dando oportunidade dos artistas vislumbrarem esse ‘tour’ quase em tempo record”. Ou seja, se a arte possui um preço e o mercado se mostra favorável, o modelo busca potenciar os lucros da galeria para que todos possam se beneficiar dessa condição, um fato justifica a condição da arte como mercadoria, mas sem deixar de os artistas de lado, já que os mesmos, ao contribuir com o sucesso da marca, também se valorizam. No final, todos saem felizes da ‘loja’.


Filha de artista plástica e envolvida com artes desde pequenina, Pola Multedo,  que diz respirar arte em tudo que passa por ela, mas ressalta que a "conta sempre tem que fechar", se porta como uma segura empreendedora ao falar de seu novo negócio.  "Arte é para todos que amam e apreciam coisas belas, portanto por que não juntar a fome com a vontade de comer? Novos artistas entrando para ‘a cena’ e novos compradores felizes em embelezar suas casas com telas assinadas”, declara Pola, que também se mostra segura ao justificar a escolha da Gávea como residência: "O bairro sempre foi reduto de artistas e jovens bacanas.  Ser em frente a Puc e colado ao Baixo Gávea foi definitivamente o que me fez não ter a menor duvida que tínhamos achado o spot!". Além de se destacar pelo sucesso em torno de seu conceito, a Urban Arts também se diferencia por suas exposições, tendo em vista  que as mesmas não se resumem apenas a telas nas paredes. "Nossas exposições sempre buscam sair do obvio, queremos criar atmosferas. O processo criativo flui facilmente, o trabalhoso é por em pratica tantas ideias que brotam de um brain storm com os artistas e suas ideias mirabolantes, como, por exemplo, explodir canhões com bolhas de sabão" , brinca a proprietária. "Buscamos um ‘tema’ em conjunto com o artista e trabalhamos firme em cima dele criando um ‘mundinho’ capaz de passar das ‘telas na parede’”, completa.


"Quando comecei a procurar um artista para fazer a abertura da Urban Arts Rio de Janeiro alguns nomes me vieram a cabeça. Algumas pessoas me falaram muito do Joao Paulo e, em um bate papo em que ele me mostrou seus trabalhos, curti a ideia de seus personagens serem caricaturalmente cariocas, e em maioria nordestinos. Vislumbrei um tema ‘forte’ e bacana que eu poderia me aprofundar que foi sua facilidade e adoração em pintar Santos", aponta Pola, que também assume a curadoria das exposições. Com boas recomendações, um trabalho bem original e características favoráveis, João Batista apareceu com todos os atributos necessários para inugurar a U.A no Rio, mas ainda havia algo que seria determinante para sua escolha: "Quando ele me contou de sua característica inusitada, que é o  fato de ser daltônico, e que isso refletia em seus trabalhos - o que resulta em peças altamente coloridas e alegres, sempre com a mesma combinação de cores -, eu não tive duvidas", revela a proprietária. Aliás, segundo Pola, as artes originais, mesmo que a preços um pouco mais elevados que os prints, canecas e moleskines, não são preços que ‘assustam’ ou deixam o comprador desconfortável em perguntar o valor da arte. No mais, se não quiser coçar os bolsos, a ideia é chegar para conhecer a casa e, de quebra, ver de perto o que o João anda aprontando. Está aberta!

Urban Arts Rio
Rua Marquês de São Vicente, 188. Gávea.


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