quinta-feira, 5 de abril de 2012

#31

Terezão: de volta ao estrelato

Após passar anos no escuro, o teatro Tereza Rachel, inteiramente reformado, reabre suas portas com um novo nome, mas sem perder o peso de sua história. Evoé... lá!!!

Umas das principais referencias carioca ao redor do mundo, Copacabana se destaca por sua praia, sua mistura com farofa e também pela grande concentração de pessoas e bares. Mas, essa “calorosa” combinação que, sem nenhuma sombra (de dúvida), faz a alegria de todos, acaba ocultando algumas outras opções culturais, muitas delas bem características do bairro – caso do velho e bom teatro. Em toda sua extensão, são poucas salas que ainda conseguem exercer a resistência de manter uma programação de destaque, ou uma simples mesmo. Villa Lobos (que será reaberto em 2014), Baden Powell, Brigitte Blair, Gláucio Gill, Espaço Sesc e Café Arena são apenas alguns exemplos de como a região ainda é carente de um teatro de grande porte. No entanto, o tradicionalíssimo Tereza Rachel (situado no segundo piso do shopping da Rua Siqueira Campos, 143), que entre 2001 e 2008 esteve alugado para Igreja Universal, reabre suas portas ao grande público neste sábado (07/04) para suprir essa carência e reforçar a máxima de que Copa sempre foi palco de grandes encenações - inclusive da vida real(ce).


Contrariando o triste desfecho da Modern Sound, fechada para dar lugar a uma imensa loja de roupas, e acompanhando o monopólio do Cine Roxy, o único cinema de Copacabana -pelo menos até a inauguração do esperado Museu da Imagem e do Som -, o Tereza Rachel retoma sua trajetória embalado por uma ampla e significativa reforma. Neste caso, a mudança foi tanta que nem o nome permaneceu o mesmo: de Tereza Rachel, nome da atriz e proprietária ("pancadona" na foto abaixo), o teatro passou a se chamar Theatro Net Rio. Através da chamada Lei do ICMS, espécie de troca entre financiamento de atividades culturais e dedução fiscal, e de investimento direto, a empresa dos skavuscas patrocinará a reviravolta do espaço, que, por sua vez, não se resumirá apenas em uma única sala. Isso porque, além do tal do Terezão (Sala Tereza Rachel), um espaço com capacidade para 789 pessoas, o Net Rio ainda contará com uma outra sala de 200 lugares, nomeada Paulo Pontes – em homenagem ao dramaturgo coautor da peça Gota d’Água, também assinada por Chico Buarque. 


“Durante os anos 70 e 80, eu vinha quase que constantemente ao Rio de Janeiro para acompanhar as montagens do Grupo Ornitorrinco (de Cacá Rosset). Neste período, tudo se concentrava em Copacabana, e o teatro vivenciava um grande momento, com platéias cheias e também muitas sessões extras. Era uma verdadeira época de ouro, tanto para o Villa Lobos, como para o Tereza Rachel, onde também fiz a luz do espetáculo Chorus Line, de Michael Bennett, que marcou a estréia de Cláudia Raia nos palcos”, afirma o light designer/iluminado(r) Abel Kopanski, um verdadeiro mestre da luz. Inaugurado em outubro de 1971 com um show de Gal Costa (“Fa-Tal - Gal a Todo Vapor”) e palco de tantos outros (Novos Baianos, Luiz Gonzaga, Caetano Veloso e Gilberto Gil), o Terezão parecia mesmo ter perdido o rumo da história e esquecido toda sua relevância de outrora. Nos últimos tempos, por exemplo, o espaço estava sendo usado apenas para ensaios e seleção de elenco dos musicais de Charles Möeller & Cláudio Botelho (espécie de dupla sertaneja dos musicais).


Apesar de ter recebido algumas propostas do Sesc e da prefeitura do Rio, a atriz Tereza Rachel, mesmo sob o medo das dividas, não queria abrir mão de seu teatro. No entanto, depois de mais de um ano de negociação, ela acabou sendo convencida a arrendar o espaço e, o mais curioso, por um período dez anos. O responsável por toda essa façanha foi o ator e produtor cultural Frederico Reder, que, além de reconhecer que a missão não foi nada fácil, também faz questão de ressaltar que possui prioridade na renovação do contrato e de não falar os valores dessa transação. “Não poderia ignorar a história deste teatro. Os deuses não me perdoariam. O perfil da programação, de segunda a segunda, acompanha o mesmo perfil que o teatro tinha anteriormente e que justificou seu sucesso: diversidade e liberdade de expressão. Isso é a cara de Copacabana. Acho que a reabertura do teatro pode ser a semente da revitalização do bairro”, afirmou Reder, sócio da Brainstorming Entretenimento, em entrevista ao jornal “O Globo”. Para quem quiser conferir de perto a nova cara do Terezão, o teatro apresenta em sua reinaguração o elogiado "Bibi", um espetáculo musical que comemora os 90 anos de idade e 70 de carreira da atriz Bibi Ferreira (foto). A partir de terça-feira (10/04), o “Isto É Brasil”, que conta com Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo, também entra na programação do Net Rio. Ou seja, motivos para essa visita não vão faltar. Evoé... lá!!!



Confira mais detalhes da programação em: http://www.theatronetrio.com.br/

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