Nove Cinco: no Pulmão e na ativa
Idealizada pela
evolução natural dos trabalhos de seus diversificados artistas, a Galeria Nove Cinco se lança na real e na
rede para manter sua arte independente. É no “Pulmão”, vale conferir!!!
Com a consolidação da chamada
arte urbana (ao menos do termo) e um maior reconhecimento dos trabalhos que até
então beiravam a marginalidade, os grafites ganharam as telas, e as galerias
passaram a se redescobrir e a se reinventar para dar suporte aos artistas
independentes se aventurarem em uma missão um pouco mais complicada:
permanecerem independentes, ativos e, o principal, vivendo de suas próprias
artes. Sejam em lojas de roupas, livrarias, hostels ou casas noturnas, essas
novas galerias, que muitas vezes são modestas, pequenas e sem muitas ambições,
tornam-se gigantes dentro de seus propósitos ou, simplesmente, por fazer a arte
circular. Diante deste cenário de mudanças, um grupo de “arteiros” de diversas
áreas se dispôs a caminhar unido para dar continuidade a esse antigo sonho e
também nova realidade, seja ela virtual ou não. Trata-se da Galeria 95, uma
agência de arte que desenvolve trabalhos únicos de criação audiovisual e
exposições próprias – caso da “Pulmão”, a exibição de lançamento disso tudo. Em
cartaz desta quinta-feira (04) até o dia 27 de outubro, no Studio Pilotto, a exposição apresentará trabalhos inéditos de Cadu
Confort, Carlos Bobi, Combone, Lucas Luz, Marcelo Zissu, Márcio Bunys, Rique
Inglez e Victor Rocmed.
Idealizada pela evolução natural
de seus trabalhos - em conjunto -, a Galeria Nove Cinco não vem de agora, vem
de outras relações (Riot de Janeiro e Espaço Rabisco) e de uma amizade das
antigas. O próprio nome “Galeria 95”, por exemplo, faz uma referência ao
endereço da Galeria Hércules (R: Francisco Sá, 95), onde a agência surgiu. Mas,
e o time? “Os artistas são os mesmos da Pulmão: o Bobi, Bunys e Combone vieram
do graffiti; Rocmed e Luz, da tatuagem; o Cadu veio das profundezas; o Rique
fundou a agência comigo, e o Zissu é um maluco cigano que todo mundo já
admirava o trampo e um dia parou a bicicleta na galeria. Além disso, somos
padrinhos do filho do DJ e produtor Leo Justi, o Heavy Baile”, conta Hugo
Inglez, que completa: “Esse time de artistas produz o material audiovisual e bola as
estratégias junto com uma pequena equipe administrativa que toca os projetos e
jobs. Não temos funções definidas, só objetivos e deadlines claros, e a partir
daí cada um entrega o seu melhor. Trabalhamos juntos há um tempinho e criamos
um método que funciona pra nós. A Nove Cinco foi mais uma evolução natural do que a idealização de alguém”.
O fato de reunir oito cabeças e
diferentes visões artísticas poderia servir de justificativa para uma suposta
falta de consenso, mas não no caso da Nove Cinco, que se diferencia
justamente por conta desta "competição saudável e desse sentimento de
evolução conjunta”. “Acho que ser autêntico sempre foi a principal fonte de
originalidade, a soma particular de gostos e convicções que torna uma
personalidade única. Acredito que a mistura de autenticidades cria o diferente.
É o que tentamos fazer na Nove Cinco, reunir artistas de diversas escolas e
com traços originais para produzir juntos. Você nota a influência de uns nos
outros, mas ninguém abandona o seu estilo próprio, enquanto as criações acabam
sendo harmônicas e singulares”, afirma Hugo, que ressalta que a própria
elaboração da “Pulmão” pode exemplificar muito bem essa relação. “Apesar de ser
a primeira, acredito que o visitante pode esperar uma exposição madura, tanto
nos trabalhos como em organização. Pode-se esperar uma grande versatilidade
também, que considero ser a nossa principal marca”, ressalta o artista.
A “Pulmão”, que a principio
representa a inauguração simbólica da Galeria 95, tendo em vista que os
trabalhos já foram iniciados há algum tempo, também evidencia outras
características particulares nas obras do coletivo. “O Pulmão está na
brincadeira que fazemos sobre a rotina dos artistas independentes, que seguram
o fôlego para sobreviver e criar nos impulsos de inspiração”, detalha o
videomaker. “Os artistas tiveram pouquíssimo tempo para produzir a mostra, se
levarmos em consideração o grau de inovação das obras e da linha de trabalho.
Nota-se que eles sabem exatamente onde querem chegar, já que tiveram muita
maturidade para trabalhar sem margem de erro. As obras em destaque são do time
Nove Cinco, mas também convidamos alguns artistas que já colaboram com a gente
para participar, como o Nextwo, Heitor Correa e Pedro Jardim. Eu (Hugo Inglez) e o Antonio
Farias também vamos participar com fotografias. Vai ser uma celebração coletiva
bem legal”, finaliza.
Mais informações sobre a Galeria
Nove Cinco
Studio Pilotto: Rua Acre, 47 (6o andar). Centro.
De 04/10 até 20/10, das 17h às 22h. Grátis.
Exceto domingos e feriados.