quarta-feira, 21 de agosto de 2013

#89

Festlip: oito países e um único idioma

Com intenção de estreitar os laços entre os países lusófonos, o festival teatral esmiúça realidades e culturas diferentes, mas fala a mesma língua. Imperdível e sem legendas... confere aí!!!  

Diferenças culturais, realidades contrastantes e um único idioma. O que parece ser a receita para uma grande revolução, na verdade, nada mais é que o ponto de partida do Festival Internacional de Teatro da Língua Portuguesa (Festlip), que, sob os cuidados da atriz e produtora Tânia Pires, abriu sua quinta edição em terras cariocas nesta quarta-feira (21/08) com o espetáculo Amêsa, estrelada pela atriz Heloisa Jorge, nascida em Angola e radicada na Bahia. Além da peça citada, que aborda a recente e sangrenta guerra civil angolana (1975-2002) a partir das memórias da própria personagem e da poesia de José Mena Abrantes, o festival lusófono apresentará outras seis montagens vindas de Angola (Luanary, do grupo Dadaismo, e O Cego e O Paralítico, do Elinga Teatro), Moçambique (Cinzas Sobre as Mãos, do S’narte e Lareira Artes), Portugal (Cromotografia, do Teatro de Garagem), Cabo Verbe (Esquizofrenia, do Craq’otchod) e, inclusive, de São Paulo (As Desgraçadas, da Cia. Auroras - foto abaixo).

A atriz Mariana Leme, no centro, fala sobre a participação
 da Cia. Auroras no Festlip 2013. Confira a entrevista abaixo.
Embora Guiné-Bissau, Timor Leste e São Tomé e Príncipe não estejam em cena, todos os oito países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) entram na programação, se não nos palcos, nas palestras, oficinas e mostras, como a fotográfica "De Timor Leste a Portugal: um olhar brasileiro", do iluminador cênico e fotógrafo Valmyr Ferreira, e a gastronômica “O Tempero da Língua Portuguesa”, na qual o chef Ronaldo Cunha apresenta pratos inspirados na culinária dos oito países no restaurante Quadrucci (no Leblon). Assim como nas edições anteriores e para coroar esse encontro em grande estilo, o festival internacional de um único idioma ainda apresentará uma grande festa nesta sexta-feira, o chamado FestlipShow, que será realizado no Casarão Ameno Rasendá, no Catete, enquanto o som ficará por conta do DJ Mam, Vivianne Tosto (canta Clara Nunes) e o angolano Abel Duerê.

A atriz Mariana Leme, integrante da citada Cia. Auroras e uma das protagonistas da peça As Desgraçadas, falou com o Ctrl+Alt+RIO sobre o trabalho desenvolvido pelo grupo, a montagem em questão e, é claro, sobre a participação no Festlip. Confira a entrevista abaixo:

- Como surgiu o convite para participarem do Festlip? E como se sentem representando o teatro brasileiro no festival?

A Giu Rocha, atriz e integrante da Cia. Auroras, atuou no Festlip em 2010 com um espetáculo da Cia. Antro Exposto. Ela que nos deu a dica de que o festival de teatro da Língua Portuguesa era muito bacana. Assim, resolvemos inscrever a peça As Desgraçadas no edital; fomos selecionadas para a edição de 2012, que acabou não acontecendo, e o convite foi reafirmado para este ano de 2013.

Representar o Brasil no Festival é uma honra para a Cia. Auroras. Fazer teatro e falar de arte é de imensa responsabilidade. Nossa Cia. é formada por jovens artistas com sede de conhecimento, e mostrar uma dramaturgia contemporânea, divertida e com sutileza de detalhes nos traz um prazer imenso.

- O que teria a falar sobre essa parceria da companhia com Felipe Sant’Angelo? Já trabalharam com ele antes?  
O Felipe Sant`Angelo é um dramaturgo que colabora demais com o trabalho da Cia. Auroras. Ele é responsável por outras adaptações da Cia. Nesta montagem ele é peça fundamental, pois nos inspiramos na peça As Criadas do Jean Genet para elaborar o espetáculo inédito que nos representa.

- O que destacaria dentro da trama de As Desgraçadas? Há alguma mensagem por trás da trama, algo além da desilusão através da figura feminina?

Sim. A peça trata do universo feminino, mas, para além disso, critica as relações de poder, valores morais e éticos, enfim, a estrutura contemporânea familiar e trabalhista.

- A Cia. Auroras é composta por quem atualmente? Após seis anos de casa (com você nesta formação), como analisa o atual momento da companhia?

A Cia. Auroras é formada por quatro atrizes: Rita Batata, Giu Rocha, Mariana Leme e Beatriz Morelli, que, por sinal, assina sua primeira direção nesta peça. Este é um momento muito importante na carreira da Cia., onde nos firmamos como artistas e exploramos o intercâmbio com outras artes.

- E o que podemos esperar num futuro em breve... há novidades à vista? Quais são os planos para depois do Festlip?

Seguimos em cartaz no Teatro Cacilda Becker em São Paulo até o dia 25 de agosto e também estamos produzindo nossa próxima peça, que será um infantil. Quem sabe após o Festlip possa sair alguma parceria com algum grupo internacional.

Festlip – de 21 a 30 de agosto.
Confira a programação e os preços aqui

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