Multiplicidade:
na Selva do Lumisokea
Em entrevista ao Ctrl+Alt+RIO, Koenraad Ecker, um dos nomes por trás do duo ítalo-belga, detalha o espetáculo que será apresentado nesta quinta-feira (28/11) no Oi Futuro Flamengo. Selva-se!
Em entrevista ao Ctrl+Alt+RIO, Koenraad Ecker, um dos nomes por trás do duo ítalo-belga, detalha o espetáculo que será apresentado nesta quinta-feira (28/11) no Oi Futuro Flamengo. Selva-se!
Com status de convidado especial do Festival Multiplicidade, que realiza a sua quarta edição do ano nesta quinta-feira, no Oi Futuro Flamengo, o duo ítalo-belga Lumisokea desembarca pela primeira vez em terras brasileiras para apresentar seu experimental conceito de “Selva”, ou seja, um espetáculo que trabalha a questão musical em diferentes níveis - seja físico, auditivo ou sensorial, trata-se de uma verdadeira viagem da dupla Koenraad Ecker e Andrea Taeggi. No final, para encerrar a noite em grande estilo, o som fica por conta do pesquisador Dudu Dub.
Aliado à questão sonora, sempre focada na relação entre espectador e espaço, o Lumisokea dá forma à sua diferenciada “Selva” a partir das projeções do suíço Jacquet Yannick, o famoso Legoman, um dos fundadores do coletivo AntiVJ. Tido como um dos artistas de vídeo mais respeitado da atualidade, Yannick compõe um ambiente onde a música é acompanhada de flutuantes figuras abstratas e muita fumaça, enquanto o público aparece como um elemento participativo no cenário – um novo passo nas apresentações audiovisuais.
"Esta é uma atração inédita no
Brasil e que estreou ainda neste ano na Europa. Certamente, esse será um espetáculo
mais imersivo, já que o público estará dentro da projeção, dentro de uma caixa
de fumaça. Esta fumaça no teatro é a tela de projeção deste espetáculo. É algo
muito diferente e com uma sonoridade muito gostosa", defendeu Batman
Zavareze, o curador do festival que, entre os dias 06 e 08/12, ainda ocupará o
Parque Lage com atrações do calibre de Arto Lindsay, Barry Cullen, Onion Skin, Olivier
Ratsi (AntiVJ - França) e Opala, entre outros.
No entanto, antes de querer adiantar detalhes da próxima e última edição do Multiplicidade no ano, conversamos com o músico e instrumentista Koenraad Ecker para nos explicar um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pelo Lumisokea (http://www.lumisokea.com/) e, é claro, sobre a passagem do duo pelo Rio (Hells) de Janeiro. Abaixo, confira a entrevista realizada com o belga.
Ctrl+Alt+RIO-
Qual é a sensação de realizar um show no Brasil? Imaginou que um dia viriam até
aqui?
Koen - Sentimo-nos muito honrados com o
convite para nos apresentar tão longe de casa, num país que nunca estivemos.
Vai ser a primeira vez para nós dois no Rio e isso é realmente emocionante, não
esperava poder viajar até aqui fazendo o que fazemos. Este espetáculo que iremos
apresentar rodou bastante neste ano e passou por muitos lugares diferentes na
Europa até chegar aqui. Estar em um festival como o Multiplicidade é
simplesmente fantástico.
C -
Como vocês se conheceram e começaram a trabalhar em conjunto?
K - Nós nos conhecemos em Amsterdã,
enquanto estávamos estudando no conservatório. Andrea estudou piano jazz e eu guitarra
jazzística. Nós dois estávamos interessados em um monte de músicas
diferentes, além do jazz, e em algum momento nós começamos a fazer música
juntos, principalmente com instrumentos eletrônicos. Nós realmente nunca
tocamos em um grupo de jazz juntos, o que é bem curioso.
C - Qual inovação o Legoman trouxe para o show?
K - Legoman (Yannick Jacquet ) é um
artista de vídeo suiço muito respeitado e projetou o lado visual desta performance.
A forma como ele projetou o visual é muito original e muito eficaz em
combinação com a música que fazemos. A coisa mais importante que a torna
diferente da maioria das performances audiovisuais é que sua cenografia evita
essas fronteiras comuns entre a tela, performer e público. Ela faz você se
sentir muito imerso na música e seu entorno, fazendo com que você esqueça os
limites do espaço de atuação.
C -
'Selva' é um espetáculo introspectivo. O que vocês falariam para as pessoas que
tem curiosidade em ver o Lumisokea?
K - Falaria que com o Lumisokea é
voltado para essa combinação de música trabalhada em diferentes níveis: o
físico, o auditivo e os estados de espírito. Recebemos um monte de inspiração a
partir de diferentes tipos de música, sistema de som (dub, Techno e etc.), onde
a experiência de ouvir a música é uma experiência de transe física que permite
que você vá muito a fundo de si mesmo. A cenografia e os efeitos visuais do Yannick
projetados fortalecem ainda mais isso: a combinação de um quarto escuro, a
tangibilidade e o movimento lento dos feixes de luz permite que você realmente
se concentre no que você, no que está sentindo e ouvindo - em vez de olhar para
uma tela ou para os artistas.
C - O que vocês gostam de ouvir em casa quando vocês não estão trabalhando?
Koenraad: Mika Vainio - Heijastuva, John
Dowland - Lute, um monte de obras de corais medievais e renascentistas, Jah
Shaka e Wareika Monte Sons, um monte de Keith Jarrett, Shackleton - os três EPs,
as Suítes para Violoncelo de Bach, La Monte Young & Terry Riley, Basic Channel
and Rhythm & Sound 12"s e Johnny Cash - American Recordings, entre
outros.
Andrea Taeggi: Para relaxar normalmente ouço Händel's Keyboard Suítes (played by K. Jarrett); Fantasias de Henry Purcell; "Haunted Heart and other Ballads", de Marc Copland; "Cold Fact", de Rodriguez; Dans les Arbres "Canopee"; Aphex Twin "Selected ambiente works Volume II", Keith Jarrett's Sun Bear Concerts (especialmente o conjunto de Sapporo), e grande parte da música que Koen mencionou muito bem em sua resposta.
Oi Futuro Flamengo, às 19h.
Rua Dois de Dezembro, 63.
Ingresso: R$ 20/ R$ 10 (meia)
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