Embalada na
mistura do carnaval, a festa apresenta o trio Chinese Man e reúne diferentes
vertentes, musicais e artísticas, no bloco do La Folie. Joie de Vivre amis!
A festa, criada na Grécia Antiga
para celebrar a fertilidade e as boas colheitas, ganhou reconhecimento e se
tornou popular somente Idade Média, quando, amparada no cristianismo, era
realizada em nome do “adeus à carne” ou “carna vale”, em latim. No entanto, o
carnaval que nos serviu de inspiração - com desfiles e fantasias - surgiu mesmo
na sociedade vitoriana (1837 a 1901), época em que Paris era a grande
referência. Atualmente, os tempos são outros e tudo mudou, porém, o carnaval
segue fazendo a loucura dos foliões e, o melhor, com muita diversidade, alegria e
“Sorpresa (Sorte + Supresa)”, assim como a festa que rola nesta quinta-feira
(16/02), no Centro Cultural Maria Tereza Vieira (próximo à praça Tiradentes).
Distante da origem e da própria tradicional imagem de
carnaval, a festa Sorpresa espera aproveitar o descontrole favorável do momento
para agradar aqueles (muitos) que não são tão chegados à mesmice dos blocos de
rua. Apesar da Sorpresa, o que surpreenderá mesmo neste agito é a mistura de
conceitos, sejam artísticos ou musicais. O fato dessa idéia ter começado a
partir da vinda do Chinese Man, um curioso trio francês que se destaca
justamente pela mistura de ritmos, pode servir como exemplo. “A proposta é
abrir uma opção para a galera menos chegada ao pânico e ao tumulto dos blocos.
Aproveitar a vinda do Chinese e apresentar o som que eles fazem, um hip hop com
pegadas de vários rítimos eletrônicos. Uma black music diferenciada e pouco
explorada”, afirma Fernando Barbosa, do núcleo La Folie, que organiza o evento
junto à marca Cabron, de Marcel Gonçalves. Sem falar no apoio de todas as
pastelarias cariocas, como menciona o flyer.
Apoiado na diferenciada
sonoridade do misto de selo, grupo e família, a festa conseguiu atrair
mais propostas originais, como a interação artística de Marcelo Ment e Bruno
Big, que levarão parte do trabalho desenvolvido nas ruas para uma apresentação
ao vivo na festa. Aliás, Ment também está com a exposição Contrastes aberta no
Espaço Cultural Eletrobrás Furnas, em Botafogo. “O Ment assim que soube que o
Chinese iria se apresentar na festa já se prontificou em participar. Ele
conheceu o grupo na França e não poderia de maneira alguma ficar de fora. Mas,
não programamos nada na questão arte, foi surgindo, na parceria pura”, exalta
Fernando, que também destaca a participação de Henrique Madeira, “o cara das
coberturas do verdadeiro circuito underground das artes no Rio”. Além de
registrar o evento, o fotógrafo também promete uma inusitada session de Light
Painting, uma técnica que permite pintar o ambiente com imagem, mas sem deixar
um pingo de tinta no chão. É luz, câmera e ação. (falaremos melhor sobre isso
nos próximos posts).
Para engrossar o caldo dessa
mistura à “carna vale”, sem deixar de lado a qualidade dos ingredientes
sonoros, a Sorpresa ainda anuncia: Rockphonne, o
projeto de resgate musical assinado pelo próprio Fernando Barbosa; Machintal,
um verdadeiro colecionador de sons; Glocal, a dupla carioca que não deixa São
Paulo dormir cedo, e Ricardo Estrella, que fechará a noite sem deixar ninguém
ir embora. É, depois desta escalação de peso, realmente parece que a festa
conseguiu agregar os conceitos e apresentar uma proposta de som diferenciada em
pleno carnaval. Essa mistura é pura... festa. “Carnaval é festa,
diversão e alegria... Não importa o gênero de som que está tocando, o que
importa é a qualidade e o sentimento de união do povo em torno de uma festa
louca, carnal”, completa Fernando, que avisa que quem tiver interessado em
participar dessa folia terá obrigatoriamente que enviar um email confirmado sua
presença. Assim, poderão entender melhor o porque da Sorpresa. Marque sua presença: lafoliegrotte@gmail.com
Quem
já experimentou sabe que a “fusão das estrelas mágicas” deu certo, e o
harebúrguer ficou cheio de alegria, saúde e sabor. É uma brisa total essa delícia. Piuw!
Os cariocas e acariocados que
costumam frequentar a praia de Ipanema entre os postos 9, 10 e também o 8
- porque não? - provavelmente já devem ter iniciado contato com essa verdadeira “fusão de estrelas mágicas”. Trata-se
do famigerado Hareburguer vegetariano, uma diferenciada opção de larica que
veio de outras galáxias diretamente para as areias do Rio de Janeiro, que, por
sinal, tem de tudo um muito– ainda mais em relação à “gastro_nomia”. Pensando
em agregar saúde, sabor e alegria – as tais estrelas da fusão -, Raphael
Borges, o Hare Rapha, acabou se transformando em um verdadeiro empreendedor de sucesso.
No entanto, não é isso que torna essa viagem de negócio em realidade, se é que
essa mesma pode ser levada em consideração.
Apesar do Hareburguer já existir
desde a eternidade, “a mensagem se manifestou tridimensionalmente na Terra
somente em 2006”, justamente quando Rapha queria arrumar dinheiro para viajar
para Bahia. Pouco tempo depois, lá estava ele: trancando a faculdade de
Jornalismo, tocando fogo na casa da mãe e enchendo a mala de hare-esperança
para ir compartilhar sua criação com os demais. O local escolhido foi a praia,
de preferência sob um sol de mil graus, e a tarefa, mesmo assim, era encarada
com um astral único e admirável. (tocando flauta, explicando o cardápio e,
principalmente, sendo alvo de piadas). “A ideia era criar uma nova experiência,
com a essência de trazer à tona o lúdico, o ingênuo, o puro e o divertido para
as pessoas. A experiência ‘Hare’ através desse universo mágico é que permeia o dia-a-dia
da marca, uma hare-empresa criada com o objetivo de apresentar alimentos de
alta qualidade e vibração”, explica Rapha.
Depois de cativar os
“hare-corações e estômagos mais exigentes, Rapha já se dedicava suficientemente
para expandir os horizontes dessa “viagem astro-gastronômica”. Com o sucesso do
Hareburguer nas areias de Ipanema, a “nave-mãe” teve que baixar na Terra, e
assim nasceu “a primeira fast food vegetariana de todo universo. A loja,
localizada na Galeria River, foi inaugurada no último mês de agosto. “Após esse
momento de novas abduções e aterrissagens, o Hareburger está de volta na praia,
não apenas com o próprio Hare Rapha, mas com a presença de seres extrate-hares
enviados do cosmos para alimentar os terráqueos com buraco negros da fome na
praia. Cada um representa um planeta ou satélite. Por enquanto, a Hare Equipe é
feita de quatro hare seres: Manu da Lua, Di Saturno, Di Plutão e Di Marte.
Fazemos entregas do Arpoador ao Leblon através de nossas bikes
Hareletrucutadas! É só chamar, que eu vou pessoalmente fazer a Harentrega”, diz
o empreendedor de capa de revista, que garante que trata-se “do melhor hambúrguer de todas as galáxias”.
No entanto, antes de querer
iniciar um contato ou “um pedido telepático”, é melhor falarmos um pouco sobre
o cardápio, que conta com uma divertida ilustração. Entre seis sabores, começamos pelo Tradicional, que leva
“hareburger, cheddar alucinante, tomates psicodélicos, alfaces crocantes sinestésicos
e mostarda transcendental”. Mas, o Hare Rock Shutney Mango´s Fly também chama atenção
ao combinar “hareburger, queijo gouda da lua jupteriana IO, mango shutney (o
favorito do mango monster), castanhas de caju harmonizantes e rúculas
hidropônicas proto-netunianas uni-sistemárias cerebrais”. Isso sem falar nas
hare sobremesas, “nos hare sucos e hare capacitores intersistemários (combustível
para seu corpo planetário), ou seja, o clássico mate e o açaí com capacitor de
fluxo”, como descreve o cardápio. “É de lamber os beiço”, finaliza Rapha.
Galeria River - Arpoador.
Por telepatia ou pelo harephone 94061666.
De seg. à sex., de 11h às 19:30h. Sábados de 11h às
20h.
Aos domingos a Galeria River não
abre.
Em sua quarta edição, o maior evento de música eletrônica da América Latina voltará a marcar presença no carnaval carioca. Agora, serão dez dias de programação, sete só de festa. Acha pouco?
Apesar do carnaval carioca ser reconhecido pelos desfiles das tradicionais escolas de samba, pelas mulatas na avenida e pelos animados blocos de rua, o Rio Music Conference (RMC), considerado o maior evento de música eletrônica da América Latina, abre-alas e pede passagem para voltar a “misturar” essa festa tão esperada pelos carioca e acariocados. Atendendo à demanda do mercado, a edição de 2012, que será realizada na Marina da Glória, contará com dez dias de programação (de 14/02 até 25/02), sendo três dedicados exclusivamente aos workshops, palestras e painéis, e mais sete noites com os principais nomes da cena. Haja fôlego colombina!
Realizado desde 2009, quando o mercado já dava respaldo para a realização de um evento deste porte, o RMC parece crescer e se solidificar junto com a própria profissionalização da cena. As três edições anteriores, a atual dimensão nacional e os três dias a mais na programação são fatores que podem comprovar que esse lucrativo encontro já está mais que consolidado – como aponta o organizador Guilherme Borges: “A música eletrônica cresceu e as pessoas enxergam isso, já que há um maior envolvimento. Trata-se de uma indústria, que deixou de ser apenas um estilo musical para ser um meio de produção. Agora, mais do que nunca, queremos legitimar esse conceito”.
“A ideia da conferência veio de uma necessidade do próprio mercado. Toda indústria carece de um encontro para debater as questões que envolvem a realidade do setor. Aliás, a própria profissionalização precisa de críticas, de debates e de um encontro para reunir isso tudo, aproximando as pessoas envolvidas”, completa Guilherme, que chegou à música eletrônica pela trilha do negócio (não é DJ). Com uma expectativa de público acima das 35 mil pessoas e embalado pelo calor do carnaval carioca, a edição nacional do RMC 2012 pretende movimentar cerca de R$ 30 milhões em negócios, 50% a mais do que os R$ 20 milhões registrados na edição anterior, quando o festival reuniu 25 mil pessoas em suas cinco noites.
Conferindo a conferência
Precursora de novas tendências e capaz de captar grandes lançamentos do mercado da música eletrônica nacional, a Feira de Negócios do Rio Music Conference é tão movimentada quanto suas noites. “É muita gente querendo comprar equipamento, conhecer novos modelos e softwares, contratar DJs, conhecer novas tendências, projetos e pessoas envolvidas. Cada região possui suas próprias necessidades e um encontro nacional é muito importante neste aspecto. A edição de 2012 deverá refletir isso, já que contará com uma presença cada vez maior de profissionais não só do eixo Rio-São Paulo, mas de todo Brasil”, explica o organizador do evento.
Nos três primeiros dias, a programação do RMC apresenta uma série de seminários, debates, palestras e workshops, todos comandados por profissionais de dentro do mercado. Já nos stands, o que chama a atenção são as inúmeras agências de DJs, as gravadoras, as empresas de tecnologia, os equipamentos, os novos hardwares/softwares, os DJs shops, as rádios online, os veículos de comunicação especializados e muito outros produtos e serviços ligados direta ou indiretamente à música eletrônica e ao entretenimento. Propício para o ‘networking’, como defende o organizador, a Feira de negócios ainda destaca o espaço “Village” – uma área wi-fi com bares, restaurantes e showcases, que fica sob responsabilidade dos novos talentos.
Além das empresas que participam diretamente da Feira de Negócios do RMC, outras companhias, de dentro e de fora do setor, também são atraídas pela visibilidade do evento, que revela uma capacidade promocional de grande alcance. O público envolvido, interessado e interessante desperta a atenção de diferentes empresas de outros segmentos, como bebidas, automóveis, turismo, telefonia, moda e tecnologias em geral. Afinal, trata-se do maior evento de música eletrônica do hemisfério sul sendo realizado em pleno carnaval carioca. “Não há dúvidas que contamos com mais publicidades, apoios e parcerias. Porém, esse apoio por parte dos patrocinadores sempre existiu, não é uma coisa de agora”, ressalta Guilherme Borges.
Democrático e cheio de estrelas
Com sete noites de programação, sendo cinco noites consecutivas (de 17 a 21/02) e duas de “Closing Events” (24 e 25/02), as noites da edição nacional do RMC 2012 prometem coroar o carnaval à eletrônica em grande estilo. Apresentando dois palcos simultâneos – Copacabana, com os maiores astros das pistas mundiais, e Ipanema, com as principais tendências e artistas da vanguarda -, o RMC apresentará mais de 64 atrações, incluindo os “tops” DJs Armin Van Buuren, Steve Angelo, Kaskade, Roger Sanchez, Fedde Le Grand, entre outros. Mas, nesta edição, o line-up não ficará restrito somente aos “Celso Portiolli Vol. 1”. Aliás, um dos principais diferenciais deste ano será a sonoridade, que, além da qualidade, se apresenta muito mais democrática.
“O line-up deste ano comprova toda evolução do evento também na parte musical. Lógico que terá Armin Van Buuren, mas também terá uma série de outros nomes que não poderiam ficar de fora. O palco Ipanema, que fez sucesso na edição passada, voltará ainda mais forte”, exalta Guilherme Borges. Reunindo destaques de diversas linhas, o line-up do RMC 2012 apresentará oito atrações a cada noite, divididas nas duas pistas. Nomes como Ellen Allien, Jamie Jones e Solomun, que se destacaram na cena internacional em 2011 e, recentemente, estiveram enlouquecendo o público brasileiro, voltam para engrandecer ainda mais o festival. Imaginem o que não vão fazer em pleno carnaval: “ziriguidum e oba-oba” será pouco.
"Espero muito do dj set de Jamie Jones, que esteve aqui em novembro e eu não pude conferir. Não me lembro de tocar tantas tracks de um mesmo produtor. Ao meu ver, já pode ser considerado um dos melhores. Mas, certamente, também vou querer conferir o som do Solomun, do dOp, do The Twelves, além, é claro, de Guy Gerber e Ellen Allien, com quem toco no dia 17/02”, detalha o DJ e produtor Brunno Mello, que abre a pista Ipanema no primeiro dia do festival. “Eu tenho curtido muito fazer essa linha mais deep. Acho que com a idade seu bpm interno vai baixando. Mas, ao mesmo tempo, o meu compromisso é com o bass e com o groove. Então, quem chegar cedo, pode se preparar para dançar... com certeza”, completa Brunno.
Se por um lado o evento amadureceu em suas estruturas, a parte musical mostra que também não fica muito atrás. Em relação às edições anteriores, a melhora no line-up da edição 2012 é mais que notável, assim como o equilíbrio na divisão das atrações ao longo das noites – como explica o DJ Brunno Mello: “Do ponto de vista musical, o evento cresceu muito, sem dúvida. Nos dois primeiros anos, tínhamos um palco apenas para atender dois públicos distintos: o comercial e o underground. E, quase sempre, o que agradava um, não agradava o outro. Já no ano passado, com a criação de um segundo palco (Ipanema), conseguimos atender os dois públicos, um fato que se repete e fica ainda melhor agora nesta edição. Terá altas atrações que não dá para perder”.
Uma janela para o mundo
A história, que começou de maneira até despretensiosa, tornou-se grande de maneira muito rápida. Em 2010, por exemplo, a segunda edição do evento já contou com um apoio maior das empresas. No entanto, o festival, tido como nacional, ainda ficava restrito ao eixo Rio-São Paulo. No ano passado, a última edição do encontro ficou marcada pela expansão. Na ocasião, o RMC se transformou em um evento, de fato, nacional. Ou seja, o festival ganhava mais oito mini-edições regionais, intituladas de “RoadShows” e realizadas em diferentes cidades do Brasil. Atualmente, o Rio Music Conference é formado por 10 encontros regionais (um em Buenos Aires, na Argentina) e uma edição nacional.
“Organizamos o festival, mas quem faz acontecer são as pessoas que estão envolvidas com a própria música. As edições regionais não só acrescentaram, como também levou o Rio Music Conference a outros patamares. Os principais pontos positivos destes encontros formam a edição nacional, que agora sim é capaz de reunir pessoas de diferentes regiões e com diferentes necessidades. Era o complemento que faltava, pois o que pessoal do Sul busca pode ser muito diferente daquilo que o produtor vindo do nordeste precisa. As pessoas mais envolvidas de cada região fazem parte do evento e contribuem para uma troca mais ampla e, por isso, mais eficaz”, afirma Guilherme Borges.
O objetivo de imergir nas cenas locais e encarar os desafios de cada região solidificou o evento, que já apresenta respaldo suficiente para tratar com propriedade as questões artísticas e mercadológicas da produção nacional. Além de estreitar as relações com os embaixadores regionais (supostamente os mais envolvidos de cada região) e definir as prioridades para criar os debates da edição nacional, os encontros regionais contribuem para a grande novidade da conferência: o Anuário do Mercado. Trata-se de uma retrospectiva de todo o ano anterior, uma espécie de registro dos mais fatos mais relevantes. O anuário também apresenta os resultados do Prêmio RMC, uma própria premiação que conta com os votos dos embaixadores para eleger os “Melhores do Ano”. É, de fato, parece que o carnaval ficou pequeno.
Mas, porque realizar um festival de música eletrônica em pleno carnaval carioca? “A ideia foi aproveitar justamente a exposição gigantesca do carnaval carioca. O Rio fica na janela do mundo e, além do mais, é o principal destino dos turistas e ainda será uma cidade Olímpica. Apesar de alguns estranharem essa posição, pelo fato da cena ser muito diversificada, queríamos justamente isso. Creio que fizemos a escolha certa”, responde Guilherme. Segundo Brunno Mello, no início, a "inteligenzia" do setor olhava o evento com alguma desconfiança, por razões até pertinentes. Mas, passados três anos, vendo toda a conjuntura que envolve o Rio, é certo que todos preferem estar aqui. E você, vai? Fui.