Há 40 anos, no auge da ditadura militar, um grupo, no
mínimo, irreverente e alinhado à contracultura desafiava a tudo e a todos com
seu conceito de criação coletiva e teatralização da subjetividade de seus
integrantes (influência direta para o grupo Teatro Vivencial), os quais faziam
da homossexualidade uma verdadeira bandeira de afirmação de direitos. Com o
espetáculo “Gente Computada Igual a Você” (1972), originado de um show de
cabaré, o chamado Dzi Croquettes, coletivo inspirado no conjunto norte-americano
The Coquettes e no movimento gay da off-Broadway, fez uma revolução ao
apresentar 13 exímios bailarinos homens, de barba e com cabelo no peito,
vestidos extravagantemente de mulher e exaltando a feminilidade em suas
performances. Pouco tempo mais tarde, nos palcos do Le Palace, na França, esse
mesmo grupo passaria a impressionar também o mundo com seus ousados figurinos e
suas inteligentes provocações.
Lá, essa família, liderada pelo coreógrafo americano Lenny
Dale, ganhou inúmeros fãs e chegou a ser considerada “avant garde” (à frente de
seu tempo) por ninguém menos que Liza Minneli, espécie de madrinha desses
talentosos rapazes: Wagner Ribeiro, Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro
Barcelos, Reginaldo e Rogério di Poly, Bayard Tonelli, Paulo Bacellar,
Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado e Eloy Simões. Esse foi o momento ápice
dos Dzi, que tiveram sua história resgatada há três anos com um documentário
homônimo dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez e que, agora, voltam à
tona com uma inusitada volta - a dos que não foram pelos que desejam ser. Para
legitimar essa “retomada”, nesta quarta-feira (19/09) ocorre a festa 40 anos
Dzi Croquettes, que, além de apresentar uma exibição exclusiva dessa nova
formação e uma exposição com fotos e figurinos originais, ainda contará com os
DJs Tatah Toscano (Boho), João Fernando (Fosfobox) e Leonardo Gattuso.
Apesar de toda euforia em torno da festa, esta noite não
passaria de uma singela homenagem perto de toda relevância dos Dzi de outrora,
enquanto essa nova formação surgiria apenas para matar a saudade, mas não
suprir a falta de um “movimento” tão rico, inteligente e inovador como foi o
das “internacionais”. Sob direção de Ciro Barcelos, um dos poucos integrantes
que resistiu ao tempo e passou imune ao vírus da Aids – doença então
reconhecida como “câncer gay” -, essa nova formação chega para estrelar um novo
espetáculo, o “Dzi Croquettes em Bandália – Um Musical Eletrônico”, que estréia
no dia 26 de outubro, na Sala Marília Pêra, no Leblon. Aliás, assim como Nelson
Motta, Cláudia Raia, Pedro Cardoso, Gilberto Gil, Betty Faria e Liza Minneli, essa atriz que dá nome à sala também aparece no documentário sobre o grupo comprovando todo o seu
feito. Segundo o ator Pedro Valério, um dos integrantes da nova formação,
esse novo espetáculo é mais que uma homenagem ao grupo, é o retorno do mesmo.
Pretensão? Talvez. Mas, além de marcar presença na festa, só nos resta aguardar
e, posteriormente, conferir se essa volta do “movimento não dzista” consegue
mesmo justificar todo o peso de uma história que jamais se perderá.
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