quinta-feira, 8 de agosto de 2013

#86

Rael lança novo álbum no Circo Voador 

Em entrevista ao Ctrl+Alt+RIO, o rapper paulistano fala sobre o lançamento do segundo álbum solo e o esperado show no Circo, que ocorre neste sábado (10/08). É na The Groov!!! 

Com mais de dez anos de rap e um novo trabalho de peso na bagagem, o paulistano Israel dos Reis - o Rael, ex-da Rima - desembarca em terras cariocas neste sábado para realizar seu primeiro e esperado show no Circo Voador, o qual marca o lançamento de seu segundo álbum autoral solo, o elogiado “Ainda Bem Que Eu Segui as Batidas do Meu Coração”, e aparece como a principal atração da festa The Groov, que, voltada à multiplicidade da música negra, também apresentará os DJs Saraiva e Ambassodors (com Luana Karoo), além da cantora baiana Larissa Luz. Lançado de maneira independente pelo Laboratório Fantasma - o selo do Emicida - e com produção assinada pelos americanos Beatnick & K Salaam, o disco em questão chega para legitimar de vez a caminhada do rapper e, inclusive, o situar entre os expoentes da nova e sua geração – como os amigos de batalha Criolo e Emicida. Embora esses itens não cheguem a ser prioridades, mas consequência de uma caminhada feita com verdade e "devagarinho", Rael sabe que sua hora chegou e, até por isso, optou por se desprender do vulgo “da Rima” para melhor correr e soltar a voz, literalmente. Se o primeiro é inesquecível, imagina no Circo... é chegar e conferir de perto.


“Eu acho que o ‘da Rima’ passava uma falsa impressão de que sou um baita rimador, quando tem gente rimando muito mais do que eu por aí. Isso se reflete bem no segundo disco, no qual eu venho cantando mais. Às vezes, em programas de rádio e TV, também me pediam para fazer um freestyle, o que não é a minha praia. Ser só Rael acho que me liberta um pouco mais nesse sentido”, justifica o artista, que, no entanto, faz questão de explicar que essa mudança não possui ligação com uma suposta troca de estilo. O fato é que se o anterior “MP3 – Música Popular do 3º Mundo”, produzido sozinho e lançado em 2010, já era marcado por uma rica mistura de ritmos, esse novo se supera em melodias e vai além. “Eu sempre flertei com outros gêneros, sempre agreguei outros estilos ao rap. Eu amo o rap, estou pelo rap sempre, até o fim, mas isso não me impede de beber em outras fontes, né?”, indaga Rael, que completa: “Isso resume o que sou. Sempre ouvi outras coisas em casa, influenciado pelo gosto dos meus pais: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Agepê. Minha música reflete minha verdade, que é essa de várias influências”.


Para o rapper paulistano, independente desta ser a nova cara do rap ou não, os artistas estão mais dispostos a experimentar, por conta do “bombardeio” de informações vindo de todos os lados e também pela facilidade em descobrir coisas novas. “Eu busco mostrar que o rap também é música, também pode, merece e deve ser respeitado como música brasileira”, explica Rael, que, para dar vida ao segundo trabalho solo, foi desde o afrobeat de Fela Kuti até o pagode do Sensação, mas sem deixar de ser rap. Além da curiosa mistura sonora defendida, o rapper, tido como um dos artífices da fusão do gênero com o reggae, também conta com consideráveis participações, caso do próprio Emicida, Mariana Aydar, Paulo M.Sário e MC Periclão, como ele mesmo convoca o Péricles (do Exaltasamba) na clássica faixa Oya. “Eu sou fã de samba e sempre fui. Desde o início pensei em usar alguma regravação de samba no disco. O Emicida é um parceiro constante, mas sempre fizemos coisas nos trabalhos dele. Quando o Péricles aceitou nosso convite e superamos a burocracia para conseguir a liberação para gravar a música, eu queria que nossa versão fosse especial, que tivesse uma rima. Sabia que o Emicida ficaria à vontade ali”.


Uma das cinco pontas do reconhecido grupo Pentágono, com quem lançou três discos, Rael se afastou do quinteto no último ano para se dedicar à caminhada solo e, com a confiança adquirida no álbum de estreia, fez por merecer o que muitos que como ele - vindo do Jardim Iporanga, às margens da represa Guarapiranga da zona sul paulistana - não conseguem obter: suporte e estrutura. Aí, foi só ouvir as batidas de seu coração... “No primeiro disco fiz tudo sozinho, não saiu pelo Laboratório. Desta vez, eu tive muito mais estrutura para trabalhar em todos os sentidos, do estúdio até a questão da burocracia mesmo, que, por sinal, é importantíssima. Também foi muito bom poder trocar impressões com o Emicida sobre o que eu estava fazendo”, revela Rael, que completa: “Faz bastante diferença ter alguém lapidando, melhorando suas ideias ou, até mesmo, dizendo que elas não são boas. Pensar de forma coletiva ajuda muito, deixa a gente mais livre e mais leve para o trabalho como um todo”. O álbum da vez se encontra à venda e disponível para download, mas, na real, o bom mesmo é o show. “Eu já toquei no Circo, mas nunca com um show meu. Eu gosto muito de tocar no Rio e essa vai ser a primeira vez com minha banda. O público é um dos que mais pede show, interage comigo nas redes sociais e parece ter curtido o disco... Eu estou muito animado e tenho certeza de que o baile vai ser f*”, finaliza.

Circo Voador – The Groov
Rua dos Arcos, s/n. Lapa.
Ingressos: De R$ 30 a R$ 80.

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