Segunda da série de
três do "Queremos Sónar", a noite do domingo reservou Little
Dragon e James Blake aos cariocas empolgados, dois memoráveis shows. Terça (15),
teve Mogwai!
Em um atípico final de semana, que contou com apresentações de The Kooks, Seth Troxler e Chromeo, além da decidida decisão do Campeonato Carioca, os shows da banda Little Dragon e de James Blake poderiam muito bem passar despercebidos, ainda mais depois de um domingo (das mamis) de muita chuva. No entanto, para os “cariocas empolgados” que fizeram questão de presenciar as duas atrações, essa noite certamente ficará lembrada por uma positiva indagação: que som é esse? Foda, responderia aqueles que não se atrevem a definir a surpreendente mistura sonora desses artistas. Já quem achou todos esses nomes um tanto quanto estranhos, vale conhecer um pouco mais a respeito, já que esses artistas ainda deverão dar muito o que falar. Encerrando a série de três shows do Queremos (de arrecadação coletiva), que trouxe algumas atrações do Sónar SP para o Rio, a banda Mogwai também fez o Circo voar na terça-feira (15).
Mesmo com o Circo ainda vazio, com cerca de 200 pessoas, a banda Little Dragon entrou em cena a mil e já soltando a música “Looking Glass” - sucesso do segundo álbum, o elogiado “Machine Dreams” (2009). Liderada pela irreparável vocalista Yukimi Nagano – uma sueca de olhos puxados que chama atenção por sua voz e não pelos acessórios -, o quarteto parece deslizar em palco esbanjando entrosamento. Afinal, Yukimi, Erik Bodin (bateria), Fredrick Källgren (baixo) e Håkan Wirenstrand (teclados) são amigos desde os tempos de colégio. Após a música inicial e a excessão “Test”, do primeiro disco “Little Dragon” (2007), o show, que teve pouco mais de uma hora, se concentrou nas faixas do terceiro e último disco, “Ritual Union”(2011). “Brush The Heat”, “Shuffle a Dream”, “Little Man” e “Precious” - música que fechou a apresentação - foram algumas das escolhidas.
Para quem já conhecia a
sonoridade da banda, o primeiro show no Rio foi rápido, faltou o “bis” e os
hits (“Never Nerver”, “Runabout”, “Feather”, entre outras), porém, fez valer a
espera e agradou o público. O forte do quarteto sueco é reproduzir no palco um
som muito similar aos apresentados na gravação dos álbuns e uma sincronia
precisa de sons e instrumentos. Às vezes, a banda mais parece um DJ comandando
a pista; e o show uma verdadeira rave. “Um som que poderia ser trilha sonora
de alguma exótica cidade alienígena”, como dizia no site do Circo. Além da parceria em
duas faixas do “Plastic Beach”, último disco dos Gorillaz (que chamou a banda
para uma longa turnê), o Little Dragon marca presença no recente disco do DJ
Shadow e também em “Wildfire”, uma parceria com o inglês SBTRKT. Isso sem falar na
memória dos que estiveram no show.
Após a montagem do
palco e 15 minutos de espera, James Blake aparece para acabar com a ansiedade
do público carioca. Discreto e sem perder a pose de “lord”, o jovem produtor
inglês, atração mais esperada da noite, chegou ao Rio como uma das principais referências do
que veio a se chamar pós-dubstep - um gênero influenciado pelos graves pesados
e o clima sombrio do dubstep, mas que abraça outras influências da dance music
e outros estilos, como jazz, soul e R&B. Com apenas um álbum lançado em 2011, James Blake, que se declarou fã de Little Dragon, se firmou na
cena musical com o sucesso de duas faixas especiais, “Limit To Your Love” e
“The Wilhelm Scream” – os pontos altos de sua apresentação. Em São Paulo, no
Sónar, o artista de apenas 23 anos também atuou como DJ e pôde mostrar um pouco de sua versatilidade. Comum show marcado por programações, distorções e
sobreposições vocais, Blake, ao lado de mais dois musicos (baixo e bateria),
"monta" suas canções com uma facilidade absurda. Apesar de ter sido curto - uma consequência do próprio repertório -, o show durou o tempo suficiente para mostrar porquê James Blake é tido como um dos principais nomes da nova cena da música britânica.