sábado, 28 de setembro de 2013

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Festival do Rio: 15 dias de puro cinema
 
 
Em meio a um protesto de manifestantes que ocupavam as escadarias da Câmara de Vereadores, o Festival do Rio deu início a sua 15ª edição na noite da última quinta-feira (26/10) no Cine Odeon amparado em sua já conhecida proposta: transformar a cidade maravilhosa na capital mundial do cinema. Para isso, até o próximo dia 10 de outubro, a maior mostra audiovisual latino-americana apresentará aos cariocas 380 filmes - sendo 147 documentários -, a maioria inédito e muitos outros que nem vão chegar às salas de cinema.

Além das inúmeras mostras, muitas delas competitivas, e da principal Premiére Brasil, que “acompanhou as mudanças do cinema nacional” - como a diretora executiva Ilda Santiago faz questão de ressaltar -, o evento mais aguardado pelos cinéfilos de Redentor também conta com filmes de mais de 60 países, inclusive de diretores famosos o bastante para serem Steven Soderbergh, Woody Allen e Gus van Sant.

Inspirado no belo trabalho de identidade visual realizado pelo artista carioca Marcelo Ment, o Ctrl+Alt+Rio elaborou uma lista com 13 filmes para serem acompanhados nesses 15 dias de programação, embora tenham muitos outros não menos imperdíveis, assim como as disputadas sessões com diretores convidados. Abaixo, confira a sinopse e os horários dos tais circulados em vermelho.
 
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Amazônia – O Planeta Verde

Inteiramente rodado em 3D, a produção franco-brasileira, assinada pelo diretor Thierry Ragobert (O Planeta Branco, 2006), se mostra como uma verdadeira viagem pela floresta amazônica, mas, neste caso, a partir do ponto de vista de um macaco prego – o único sobrevivente (de um acidente de avião). Através dos olhos de Kong, nome do abençoado macaquinho inspirado no Carlitos do Chaplin, o longa que abriu o Festival do Rio (e encerrou o Festival de Veneza) desvenda os mistérios da fauna e da flora da maior floresta tropical do planeta em toda a sua complexidade. Trata-se da maior produção cinematográfica já realizada na Amazônia.

 

Sexta-feira, 27/09. 19h30 - Cine Carioca.
Sábado, 28/09. 16h30 – São Luiz 3.


Behind the Candelabra

Há muito tempo atrás, antes do mito Elvis, existia um pianista chamado Liberace. Ele era uma pessoa excêntrica e com atitudes de extrema extravagância, principalmente na maneira de se vestir (todo cheio de luzes já naquela época). Sendo mundialmente conhecido, Liberace tinha uma base de fãs muito leal e que o acompanhou durante os seus 40 anos de carreira. Em 1977, no entanto, ele se apaixona por um estranho jovem: Scott Thorson, com quem viveu um romance secreto de cinco anos. O filme retrata o cenário mais íntimo desta tempestuosa relação - do primeiro encontro em Vegas até o momento da ruptura (em público). O que podemos esperar desta trama? Atuações excepcionais do ator Michael Douglas (Liberace) e Matt Damon (Scott Thorson) em mais uma afiada direção de Steven Soderbergh, quem, de acordo com alguns sites especializados, poderia estar exibindo seu último filme.

 

Sexta-feira, 04/10. 23h59 – Odeon Petrobras.
Quarta-feira, 09/10. 21h30 – Roxy 3.

Blue Jasmine

Woody Allen troca a cidade de Nova York por San Francisco em sua nova comédia dramática, intitulada Blue Jasmine e centrada na personagem brilhantemente interpretada por Cate Blanchett – o que engrandece e muito o filme, que, apesar de não fugir muito da velha receita de Allen, vem sendo apontado como um dos melhores filmes do cineasta. Jasmine dá início à trama ao ver sua vida destroçada com a separação do marido, o rico empresário Hal (Alec Baldwin). Sem dinheiro, ofício e esperança, a socialite de Manhattan encontra o apoio de sua irmã para tocar sua vida sob efeitos de antidepressivos em San Francisco, onde também causará bastante incômodo com suas frustrações. No entanto, no final, ela consegue se redimir e aceitar os fatos, ou seja, encontrar um pouco de paz consigo mesma e alcançar sua independência.
 

Domingo, 29/09. 21h30 - Cinemark Downtown
Segunda-feira, 30/09. 19h - Cinemark Downtown
Quarta-feira, 02/10. 16h30 e 21h30 - Roxy 3
Sexta-feira, 04/10. 14h e 19h - Leblon 2
Quinta-feira, 10/10. 15h40 e 22h20 – Est. Vivo Gávea 5

 
Gravidade

Protagonizado por Sandra Bullock e George Clooney, o suspense do diretor Alfonso Cuaron, que, inclusive, contou com a ajuda do filho, tinha todos elementos para ser um filme nível Perigo em Alto Mar  no espaço, mas, por ser visualmente fantástico, a trama até que acaba sendo bem digerida e, no final, até surpreende.  Nesta, Bullock vive uma engenheira médica que se prepara para realizar sua primeira viagem espacial, justamente ao lado de Clooney, o veterano astronauta Matt Kowalsky. O filme, que abriu a última edição do Festival de Cannes, agradou a crítica francesa e, por isso, chega ao Rio com ares de destaque.

 
Sábado, 28/09. 23h59 - Odeon Petrobras
Quinta-feira, 03/10. 14h e 19h - São Luiz 3
Segunda, 07/10. 16h30 e 21h30 - Leblon 2
Quinta, 10/10. 21h30 - Cinemark Downtown


The Zero Theorem

Qohen Leth é um gênio da computação que vive em um universo dominado por grandes corporações, assim como o nosso. Sofrendo de uma profundo angústia existencial, ele trabalha sob as ordens de uma figura sombria conhecida como “Gerente”. Neste quadro tão familiar em nossa sociedade, sua missão é resolver o tal Teorema Zero, uma fórmula matemática que finalmente revelará o verdadeiro sentido da vida. Seu trabalho, no entanto, é constantemente interrompido por visitas da sedutora Bainsley e de Bob, o filho adolescente do Gerente. O filme, que já passou pelo Festival de Toronto e pela mostra competitiva do Festival de Veneza, marca a volta do diretor Terry Gillian (“Brazil: O filme” e “12 Macacos”) à ficção científica. Isso mesmo, trata-se de uma ficção científica.

 
Segunda-feira, 30/09. 16h30 e 21h30 – Leblon 2
Terça-feira, 01/10. 14h30 e 21h30 – Estação Botafogo 1
Quinta-feira, 03/10. 14h e 19h – Roxy 3

 
A Garota de Lugar Nenhum

Dirigido e protagonizado por Jean-Claude Brisseau, o filme se destaca por trabalhar narrativas íntimas e corajosas, uma marca registrada do cineasta, que, inclusive, optou por rodar o longa-metragem em sua própria casa. Vencedor do Leopardo de Ouro do Festival de Locarno em 2012, o filme esmiúça a rotina solitária de Michel, a qual é alterada radicalmente quando Dora - uma jovem de 26 anos - chega para viver em seu apartamento. Mesmo inesperada, a relação traz frescor à vida do professor de matemática aposentado, que se redescobre em sensações até então esquecidas. No entanto, seu lar gradualmente se torna cenário de misteriosos acontecimentos.

 

Sábado, 28/09. 14h30 e 21h30 – Estação Rio 1
Terça-feira, 01/10. 16h30 e 21h30 – São Luiz 3.
Quinta-feira, 03/10. 17h20 – Estação Ipanema 1

  
Heli

Após ter causado um grande alvoroço no Festival de Cinema de Cannes, de onde saiu com o prêmio de melhor direção - dado a Amat Escalante (Sangre, 2005. e Os Bastardos, 2008.) -, o filme é capaz de chocar a todos com suas cenas de violência realista, sem filtro mesmo. No entanto, a trama se baseia na aventura amorosa de Estela, uma menina de 12 anos que vive em uma pequena cidade mexicana e se apaixona perdidamente por um jovem cadete da polícia. Ele quer fugir com ela para se casar e, para realizar tal sonho, desvia alguns pacotes de droga. Mas, quem pagará pela mancada será a família de Estela, que passará a enfrentar a violência que devasta a região. Trata-se de um seco retrato da sociedade mexicana contemporânea.

 

Quinta-feira, 03/10. 14h15 e 21h15 – Estação Rio 2
Quinta-feira, 10/10. 17h e 21h30 – Estação Rio 1

 
The Green Inferno
 
A militante Justine se une a um grupo de radicais para uma nobre missão: interromper o desmatamento ilegal em uma selva peruana, atividade que coloca em risco a vida de uma isolada tribo amazônica. Munidos de boas intenções e celulares com câmera, o grupo voa para a América Latina confiantes para realizar a missão proposta, mas, com a queda do avião no meio da selva, a euforia ganha contornos trágicos e luta se restringe apenas a sobrevivência. Agora, eles serão o jantar do povo que pretendiam proteger. O filme em questão é uma sangrenta homenagem do diretor Eli Roth (O Albergue) aos filmes italianos de canibais do final dos anos 1970 e recebeu muitos aplausos no Festival de Toronto.

 

Sexta-feira, 04/10. 23h45 - Estação Rio 2
Domingo, 06/10. 16h30 e 21h30 - Cinepolis Lagoon
Terça-feira, 08/10. 16h30 e 21h30 - Roxy 3
Quinta-feira, 10/10. 13h30 e 20h - Est Vivo Gávea 5
 
Documentários
 
 
Sacro Gra

Espécie de rodoanel de Roma, a Grande Raccordo Anulare é a mais extensa via urbana da capital italiana e o local ideal para o intrigante documentário de Gianfranco Rosi. Isso porque, o filme em questão simplesmente se baseia na vida das pessoas que vivem às margens da estrada e também da sociedade. Entre inúmeras figuras enigmáticas, destacam-se Paolo e a filha Amelia, que foram transferidos do Norte de Itália, aparente sem razão, para um novo conjunto habitacional na região. Outro ponto alto é a aparição de um casal de prostitutas idosas e duas go go dancer, entre outras. Para completar, Santo Gra foi o primeiro documentário da história a ganhar um Leão de Ouro no Festival de Veneza.

 
Terça-feira, 08/10. 19h - Estação Botafogo 1
Quarta-feira, 09/10. 21h40 - Estação Ipanema 1
Quinta-feira, 10/10. 13h30 e 19h40 - São Luiz 3
 

I Love Kuduro
 
Na mesma medida em que a internet conectou o mundo em uma única rede, gêneros musicais oriundo das mais diversas periferias começaram a ser reconhecidos como partes de uma mesma cena global. Assim ocorreu com o funk carioca, moombahton, ghettotech, raggamuffin e, talvez o mais recente deles, o kuduro. Nascido nas periferias de Luanda, em Angola, o gênero destruído na voz de Latino é o foco do novo documentário do português Mario Patrocínio, o mesmo que também retratou o cotidiano dos moradores no Complexo do Alemão. Com beats pesados, graves distorcidos, letras afiadas e uma peculiar sensualidade, este gênero se mostra como uma verdadeira febre em Angola - um movimento cultural -, enquanto o diretor evidência a influência do ritmo através do cotidiano de algumas irreverentes estrelas locais.

 
Segunda-feira, 30/09. 19h15 - Odeon Petrobras
Quarta-feira, 02/10. 14h - Oi Futuro Ipanema
Sexta-feira, 04/10. 19:30 - Cine Carioca
Quinta-feira, 10/10. 17h40 - Estação Rio 2

 
Pussy Riot : A Punk Prayer

Em fevereiro de 2012, três integrantes do grupo de punk rock feminista Pussy Riot participaram de um protesto na catedral de Cristo Salvador, em Moscou, contra a união entre Igreja e Estado perpetrada pelo presidente russo Vladimir Putin. Elas foram presas e acusadas de crime de intolerância religiosa, protagonizando um julgamento que chamou a atenção do mundo todo para a sociedade russa contemporânea. Este documentário revela os bastidores do julgamento com imagens de arquivo inéditas, além de contar com entrevistas com familiares das acusadas e advogados de defesa do caso. A filme sobre oração punk do grupo feminista foi um dos destaques do Festival Sundance 2013.

 

Quinta-feira, 03/10. 14h e 21h15 - Estação Botafogo 1
Sexta-feria, 04/10. 20h - Est Vivo Gávea 5
Quarta-feira, 09/10. 19h15 São Luiz 4

 
Metallica: Through The Never 3D

Após uma apresentação convicente no Rock in Rio, o Metallica volta ao Rio, mas, desta vez, com o filme-concerto Through The Never, dirigido pelo diretor Nimród Antal. Aliás, a trilha sonora do filme serviu de base para o set list do recente show em terras cariocas – é quase o mesmo show, mas com historinhas e em 3D. Com um legado de barulho, excessos e álcool, o Metallica deu sobrevida ao heavy metal, transformando a banda em um dos maiores nomes da indústria fonográfica na década de 90. Neste filme-concerto pós-apocalíptico, o diretor de longas de ação narra a saga de Dane, um roadie da banda que é enviado para o inferno. Paralelamente, o Metallica nos apresenta seu novo espetáculo. Será uma única exibição.

 

Quinta-feira, 03/10. 23h59 - Estação Botafogo
 
Programação completa no site oficial
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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

#91

ArtRua: um retorno mais que grandioso

Em sua segunda edição em terras cariocas, a mostra paralela à feira ArtRio volta à Gamboa e, desta vez, com ares de festival. “Só vendo de perto”, como disse o idealizador André Bretas.

Em paralelo à realização da terceira edição da ArtRio, a Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, que abre suas portas ao público nesta quinta-feira (05/09), o ArtRua ocupa a Vila Olímpica da Gamboa para traçar um verdadeiro panorama da arte urbana nacional, segmento cada vez mais distante da marginalidade dos muros e vinculado a um lucrativo mercado. Embora ainda não tenha as ambições da matriz, que no último ano arrecadou R$ 120 milhões e recebeu 74 mil visitantes no Píer Mauá, a mostra paralela chega à sua segunda edição em terras cariocas como um grandioso festival, mas sob os mesmos objetivos: revitalizar a fantasmagórica região portuária e movimentar o amplo negócio do grafite, ou melhor, da arte vinda das ruas – como sugere o título.

Vista de um dos galpões. Ao fundo, o Morro da Providência.
Imagem: Henrique Madeira/Divulgação.
“Uma feira de arte só é uma feira quando possui uma mostra paralela. Em 2009, quando estava na Miami Art Basel, pude presenciar o nascimento de algumas mostras de grande destaque e logo pensei em trazer isso ao Rio”, revelou o “novo marchand” André Bretas, idealizador do evento e quem, desde o primeiro contato com “Brenda” (Valansi), obteve total apoio da mostra oficial “para criar um mercado de arte urbana no Rio”. Através de uma parceria entre o Instituto Rua, também idealizado por Bretas, e a produtora Visionart’z, o evento - até para compensar a última edição, marcada pela pintura de painéis em Wynwood Walls (em Miami) - ocupa agora os dois imensos galpões do antigo armazém ferroviário, além de uma área externa de 7,5 mil metros quadrados. Exagero? Não para comportar um público esperado de 10 mil pessoas.

O artista Marcelo Ment durante a produção de seu painel.
Imagem: Henrique Madeira/Divulgação
A grandiosidade do ArtRua, no entanto, não se refere somente às dimensões, mas também às inovações, como duas noites de festas (de R$ 60 a R$ 80) e o chamado Palco Jardim, que trará atrações musicais como Opala e Shibatonics ao longo de todo os dias. Em meio ao colorido dos painéis, ainda haverá um ciclo de debates sobre o Mercado da Arte (quinta) e a Revitalização Urbana (sexta), os principais motes do evento. A instalação "A casa, a carga e o vento", de Felipe Bardy, que também assina a cenografia “ecológica” do evento, e uma exposição sobre a história do Instituto Rua, montada pelo fotografo Henrique Madeira em um dos vagões esquecidos no armazém, também são destaques desta edição, que ainda terá: uma galeria para facilitar o contato entre compradores e artistas, oficinas para crianças e, é claro , uma “lojinha pós-museu”.

Painel feito pelo artista carioca Gais Ama.
Imagem: Henrique Madeira/Divulgação
Além das atrações dentro do espaço, o chamado Wall Projects, uma espécie de “museu a céu aberto”, ainda espalha diversos painéis pelos arredores da Gamboa e do morro da Providência, situado em frente aos galpões. Neste caso, a ideia é criar roteiros inspirados em cidades como Buenos Aires, onde os passeios turísticos pelos grafites fazem parte da programação cultural da cidade. Já em relação aos artistas presentes, uma verdadeira nata entre nomes de destaque, revelações em ascensão e pratas da casa, o ArtRua se mostra inquestionável, principalmente pela variedade das obras produzidas. Cada um defende seu próprio estilo, mas a genialidade aparece como algo em comum e, mesmo com muitos de fora, o resultado é para lá de surpreendente. Tem até um imenso Cristo Redentor feito em caixas de papelão.

Detalhe de parte do painel do artista: Carlos "ACME" Esquivel
Imagem: Henrique Madeira/Divulgação
“Já fiz várias coisas ligadas à reciclagem em São Paulo e essa era a chance de trazer minha mensagem para cá. Estive aqui na época da Rio+20 com o Pimp My Carroça. Mas, agora, a cidade está fervendo, o clima de  protesto está no ar e eu não poderia ficar apenas no mural e na venda de quadro. Tem muita coisa acontecendo por aí. Aqui, na verdade, eu uso um simbolo do Rio para falar de outros problemas”, apontou Tiago “Mundano”, um dos mais de 50 artistas presentes no evento, sem falar no pessoal do apoio, da manutenção e nos responsáveis pela coordenação. “Rios de corrupção”, diz a frase estampada no peito do cristo “ papo reto” de Mundano.

Intervenção realizada no Morro da Providência.
Imagem: Henrique Madeira/Divulgação.
Ao todo, entre 22 painéis e outras intervenções, o público poderá conferir de perto o trabalho por artistas como Carlos “ACME” Esquivel, “Bruno Big”, “SWK” Panmela “Anarkia” Castro,  João “Lelo”, Wesley “Combone”, Márcio “Bunys”, Carlos “Bobi”, Marcelo “Ment”, Thiago “Tarm”, Tomaz “Toz”, “Gais Ama”, “AKN” (SP), “Flip” (SP), “Sliks” (SP), “Binho” (SP), “Minhau (SP)”, “Chivitz (SP)”, “Nilo Zack” (MG) e “Selon” (GO), entre outros. “Nos surpreendemos muito com os painéis do “Bragga” (RJ) e do “Grupo Acidum”, formado por um casal de Fortaleza. Isso sem falar na participação dos franceses do 123 Klan (Carole Boudart e Sebastien Jacob) e dos australianos do Dabs Mayla (Darren Mate e  Emmelene Victoria).”, completou o idealizador sem esconder a alegria pelo nível das obras presentes no evento. “Só vendo de perto”, finalizou.

Confira a programação completa do ArtRua.

Lembra da primeira edição? (aqui)

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

#90

Pra Iaiá: o bloco dos Los Hermanos

Na onda dos chamados “blocos temáticos”, novo fenômeno do carnaval carioca, o Pra Iaiá entra em cena para resgatar a sonoridade do saudoso quarteto e reunir seus "fãs-liões". Eles voltaram!!!

Embora a notícia sobre a criação do chamado New Kids on the Bloco tenha causado espanto até nos mais animados dos carnavalescos, um bloco de carnaval com base nas músicas da principal boy band dos anos 80 - fato que soa estranho de qualquer forma - só comprova o sucesso do modelo carnavalesco como plataforma, principalmente por abrir espaço aos novos artistas e propostas a partir da grande exposição alcançada na festa do adeus à carne. Neste contexto de renovação das clássicas e cansadas marchinhas, além da peculiar extravagância citada, a grande novidade do carnaval 2014 deverá ser mesmo o Bloco Pra Iaiá, composto exclusivamente por fãs e ex-músicos dos Los Hermanos. Sob a referência da música “Retrato Pra Iaiá”, a terceira do apropriado álbum “Bloco do Eu Sozinho” (2001), a ideia veio à tona ainda em 2010, diante da grande explosão do bloco Sargento Pimenta (dedicado aos Beatles), mas só agora virou realidade. São 16 músicos e três mestres de bateria/arranjadores, que, por sinal, darão início a preparação do esperado desfile já em outubro. Mas, enquanto o corre de eventuais patrocinadores é feito, os ‘fãs-liões’ já podem celebrar: os barbas voltaram!!!


O fenômeno dos “blocos covers ou temáticos” no carnaval carioca, além de abrir espaço e esticar a bagunça ao longo de todo ano com shows para custear o desfile e a própria banda, também está ligado à própria transformação (micaretização) do carnaval de rua do Rio, que a cada ano registra novos blocos e recordes de público. “Um bloco que toca somente músicas de um determinado artista é chamado de ‘bloco temático’, e Pra Iaiá, Toca Raul, Mulheres de Chico, Exalta Rei e Sargento Pimenta são alguns exemplos. O carnaval carioca vive uma retomada histórica de alguns anos para cá. Mas, sem dúvida, o Monobloco foi um dos grandes responsáveis por esta guinada, ao trazer para o carnaval músicas consagradas de vários artistas”, aponta Rodrigo Ferraz, produtor e instrumentista do grupo ao buscar uma justificativa mais palpável. “Os blocos se renovaram e, consequentemente, o carnaval de rua também. As pessoas que não gostavam de samba ou marchinhas começaram a ver uma nova possibilidade dentro desse novo cenário”, completa.


Ao contrário dos demais novos blocos, que optam por seguir a tradição de longos carnavais ou se criam a partir de um trocadilho chamativo – como o Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo -, os blocos temáticos possuem a vantagem de reunir os foliões em nome de algo em comum, seja a banda favorita ou até mesmo a profissão, caso do Me Beija Que Eu Sou Cineasta. “O primeiro bloco temático do carnaval carioca foi o Mulheres de Chico e, a partir daí, as pessoas começaram a ver que realmente poderia ser muito divertido criar blocos temáticos e unir duas paixões (carnaval e músicas de determinado artista)”, defendem os integrantes do bloco. “Grande parte do Bloco Pra Iaiá é fã incondicional de Los Hermanos desde o primeiro disco lançado em 1999. Adaptar essas músicas que escutamos por 14 anos e que marcaram nossas vidas para um bloco de carnaval, nossa outra grande paixão, é algo fantástico”, alega Ferraz.


“Os blocos temáticos são na verdade uma grande homenagem. Em muitos casos, assim como ocorre com o Los Hermanos, por exemplo, a banda já acabou e deixou saudades para os fãs. O bloco de alguma maneira mata essa saudade e faz com que as pessoas possam reviver um pouco aquelas músicas passadas, enquanto o carnaval faz essa história ficar ainda mais lúdica com fantasias, estandartes, confetes e serpentina”, ressalta o músico. Neste aspecto, se os “covers” possuem certa vantagem, o Pra Iaiá está um passo a frente, tendo em vista que os próprios integrantes do quarteto costumam reunir o público para reviver suas canções, como ocorreu recentemente com o show Ventura, no qual o baterista Rodrigo Barba juntou uma galera para tocar o disco mencionado. Aliás, o próprio Pra Iaiá conta com músicos que tocavam com o Los Hermanos, caso de Bubu do trompete e do trombonista Pimenta. Isso sem falar na própria essência carnavalesca do quarteto carioca, que, por si só, já seria capaz de justificar a criação de bloco.


No entanto, para quem acha que criar um bloco se resume em convocar os amigos e escolher o artista homenageado, a história se mostra um pouco mais complexa, mas nada capaz de desanimar também. Trata-se de carnaval.  “A primeira coisa que fizemos assim que decidimos colocar a ideia do bloco em prática foi pedir autorização dos responsáveis. Jamais começaríamos sem autorização. Explicamos sobre o projeto do bloco, apresentamos o atual cenário do carnaval carioca e dos blocos temáticos. Pesquisamos informações com blocos amigos e repassamos todos esses procedimentos aos empresários da banda. Este trabalho é muito especial”, defende o dono de um dos surdos do bloco. “Estamos dando cada passo de uma vez e com muito carinho e cuidado. Sabemos que temos uma grande responsabilidade, já que os fãs de Los Hermanos são muito exigentes. Estamos trabalhando duro para que tudo fique muito bonito”, finaliza Ferraz.

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Segue a lista completa dos integrantes:
Alexandre Tanaka – Voz/guitarra
Pedro Buarque – Voz/guitarra
Gabriela Pasche – Voz
Rodrigo Grisalho Ramos – baixo
Thiago Afonso – cavaco
Eduardo Vilela – Repique
Rafael Ferraz – Caixa
Angelo Gagliardi – caixa
Luiza Ribeiro – Tamborim
Lucas Torres – Tamborim/agudos
Ana letícia Magalhães – ganzá/xequerê
Ayama Prado – Surdo
Rodrigo Ferraz – Surdo
Breno Lopes – Surdo
Bubu – Trompete
Pimenta – Trombone
Mestres e arranjadores
Thiago Vichi
Letícia Salgueiro
Fernando Jacutinga

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